O recém-empossado presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, pediu o fortalecimento das relações com a Rússia após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã, na semana passada.
“A Rússia é um dos países que apoiaram o Irã em tempos difíceis”, afirmou Pezeshkian em um comunicado à mídia local.
Teerã está decidido a aprofundar seus laços com a Rússia, considerando-a um “parceiro estratégico”. De acordo com a agência de notícias russa TASS, o líder iraniano também pediu a rápida implementação dos acordos previamente assinados entre os dois países.
Pezeshkian fez essas observações durante uma reunião com Sergey Shoigu, chefe do Conselho de Segurança da Rússia, que visitou Teerã em 5 de agosto. Shoigu, nomeado para o cargo em maio após servir como ministro da Defesa russo por 12 anos, discutiu a situação regional com Pezeshkian e altos responsáveis de segurança iranianos.
Em 6 de agosto, Shoigu relatou que havia discutido “uma série de questões” com seus interlocutores iranianos e abordado os recentes eventos trágicos em Teerã. “Não era possível ignorar esse tópico”, disse ele aos repórteres, segundo a mídia estatal russa.
Questionado sobre a reunião, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, minimizou sua relevância. “Não esperamos que a Rússia desempenhe um papel produtivo na redução das tensões”, disse Miller em uma coletiva de imprensa, destacando a falta de ação da Rússia desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
A Rússia condenou o assassinato de Haniyeh. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Andrey Nastasyin, afirmou que os organizadores do assassinato estavam cientes das “consequências perigosas” para a região e instou as partes envolvidas a evitarem ações que pudessem levar a uma deterioração da segurança ou a um grande conflito armado.
Apesar dos apelos à contenção, Teerã e seus aliados, incluindo Hamas e Hezbollah, prometeram retaliar contra Israel. Durante os encontros com Shoigu, Pezeshkian afirmou que as “ações criminosas” de Israel eram “exemplos claros de violação das leis e regulamentos internacionais”.
Entre expectativas de uma resposta militar iminente pelo Irã, Israel advertiu que retaliará se atacado. “Estamos preparados para qualquer cenário – tanto ofensivo quanto defensivo”, afirmou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em 4 de agosto.
“Parceria Estratégica” Rússia-Irã
Nos últimos anos, Rússia e Irã, ambos alvo de sanções ocidentais, têm estreitado suas relações, especialmente na área de segurança. Os dois países cooperam de perto na Síria, onde apoiam Damasco contra o que consideram “grupos terroristas apoiados por estrangeiros”.
Capitais ocidentais, incluindo Washington, acusaram o Irã de fornecer mísseis e drones à Rússia para sua invasão contínua no leste da Ucrânia, o que Moscou nega.
No ano passado, o Irã se tornou membro pleno da Organização de Cooperação de Xangai, um bloco de Estados da Eurásia fundado em 2001 por Moscovo e Pequim.
Nos últimos meses, Moscou e Teerã têm discutido uma “parceria estratégica” entre os dois países. Em fevereiro, Alexey Dedov, embaixador da Rússia no Irã, indicou que um projeto de acordo para esse fim estava na fase final e seria assinado em breve.
Os detalhes do acordo permanecem desconhecidos, mas Dedov afirmou que, se assinado, estabelecerá os parâmetros da interação Rússia-Irã “para os próximos anos, talvez décadas”. Kazem Jalali, enviado de Teerã a Moscou, também mencionou que o acordo de parceria estratégica poderia ser assinado ainda este ano.
Após a morte de Raisi em maio, Sergey Ryabkov, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, garantiu que o desenvolvimento das relações bilaterais não seria afetado. “Reafirmamos nosso compromisso com uma cooperação estreita e profunda com o Irã em questões bilaterais e internacionais”, disse Ryabkov, enfatizando a implementação dos acordos já firmados.
Fonte:epochtimesbrasil