A Al-Jazeera, rede de televisão do Qatar, classificou como “criminosa” a invasão das forças israelenses em sua redação em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, além de emitir uma ordem de fechamento por 45 dias.
Em comunicado, a emissora afirmou: “[A Al-Jazeera] condena e denuncia veementemente este ato criminoso”, ressaltando que não permitirá ser “intimidada ou dissuadida” por tentativas de silenciar sua cobertura.
Para a emissora, a invasão e a “apreensão” de seu equipamento constituem não apenas um ataque contra a Al-Jazeera, mas também uma ofensa à liberdade de imprensa e aos princípios do jornalismo.
O exército israelense argumentou que o escritório do canal em Ramallah estava sendo “utilizado para incitar ao terror”, uma acusação que a Al-Jazeera considerou “infundada”, continuando a transmitir ao vivo de Amã, na Jordânia.
A ordem de encerramento foi emitida após uma avaliação jurídica e uma análise dos serviços de inteligência, que alegaram que os escritórios estavam sendo usados para apoiar atividades terroristas, colocando em risco a segurança e a ordem pública na região e em todo o Estado de Israel.
A Al-Jazeera relatou que as forças israelenses invadiram sua redação em Ramallah e ordenaram o fechamento por 45 dias. Um soldado israelense informou ao jornalista Walid al-Omari que havia uma decisão judicial para encerrar as atividades da emissora.
Durante a operação, os militares, armados e com rostos cobertos, entraram nas instalações, e a Al-Jazeera afirmou que não foi informada sobre a razão do fechamento.
O canal ainda relatou que os militares danificaram um cartaz em homenagem à jornalista Shireen Abu Akleh, que foi assassinada em 2022 enquanto cobria uma ação das IDF na Cisjordânia.
O governo da Faixa de Gaza, sob controle do movimento Hamas, condenou severamente a decisão de fechar os escritórios da Al-Jazeera, considerando-a um “crime e uma violação do direito internacional”.
As autoridades de Gaza, em comunicado no Telegram, afirmaram que a decisão reflete a “fraqueza e fragilidade da narrativa israelense” diante da realidade dos fatos.
Elas também instaram sindicatos de imprensa e organizações de mídia a condenarem o ato, pedindo solidariedade global em defesa da liberdade de imprensa.
Em 12 de setembro, o governo israelense anunciou a revogação das acreditações dos jornalistas da Al-Jazeera, cuja transmissão já havia sido proibida em maio, por supostas violações da segurança do Estado.
O diretor de imprensa governamental, Nitzan Chen, alegou que a Al-Jazeera “ultrapassou linhas vermelhas” desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.194 pessoas, em sua maioria civis, e no sequestro de 251, desencadeando a guerra em Gaza.
Em julho, a justiça israelense acatou um pedido do governo para proibir as transmissões da Al-Jazeera, alegando que o canal incitava ataques terroristas. O governo bloqueou o portal da Al-Jazeera na internet, confiscou seu equipamento e fechou suas instalações em Jerusalém no início de maio.
Financiada pela família real do Qatar, a Al-Jazeera é uma das emissoras com maior número de jornalistas na Faixa de Gaza.
fonte:agenciabrasil