Essa conclusão está no Relatório sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial, divulgado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) na última quarta-feira (24). De acordo com os autores do relatório, em 2017, os brasileiros gastaram US$3,22 por dia para consumir uma dieta saudável. Esse gasto permaneceu praticamente estável nos dois anos seguintes: US$3,21 em 2018 e US$3,30 em 2019. A partir de 2020, com o impacto global da pandemia, o custo necessário (US$3,53) começou a aumentar e não parou mais. Em 2021, o valor subiu para US$3,84 por dia e em 2022 atingiu US$4,25 por dia.
Considerando a taxa de câmbio do dólar na tarde desta quarta-feira, o valor necessário em reais aumentou de R$ 18 em 2017 para R$ 23,94 em 2022.
ACESSO À ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Apesar do aumento nos preços, o número de brasileiros incapazes de gastar a média diária necessária para manter uma dieta saudável diminuiu durante o mesmo período. Em 2017, eram 57,2 milhões de pessoas, ou 27,4% da população do país. Em 2022, o número caiu para 54,4 milhões, ou 25,3%. Esse resultado é positivo, porém poderia ser melhor não fosse pela pandemia, que interrompeu o progresso anteriormente confirmado pela FAO. Em 2018, o total de brasileiros sem condições de pagar por uma dieta saudável já havia diminuído para 56 milhões. Em 2019, esse número chegou a 55,7 milhões. Em 2020, alcançou o melhor resultado dos cinco anos analisados no presente relatório: 42,1 milhões de pessoas, ou 19,8% da população nacional.
REFLEXÕES SOBRE A ALIMENTAÇÃO NO BRASIL
Natalia Oliveira, assessora técnica do Conselho Federal de Nutrição (CFN), celebrou a redução da insegurança alimentar grave no Brasil em 2023, mas ressaltou que, em termos de acesso a alimentos de qualidade, o país ainda tem muito a melhorar.
O relatório da FAO indica melhorias no acesso e consumo de alimentos em geral, atribuídas ao aumento da renda, disponibilidade de alimentos e melhorias nas políticas públicas que avançaram em programas como alimentação escolar e estímulo à agricultura familiar. No entanto, Oliveira enfatiza que é necessário um esforço maior para alcançar uma alimentação adequada e saudável, já que o acesso a alimentos pode significar o acesso a produtos ultraprocessados, o que não é desejável.
RECOMENDAÇÕES PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Segundo o Ministério da Saúde, uma alimentação saudável deve considerar práticas que valorizem aspectos sociais e culturais dos alimentos, promovendo o consumo de alimentos regionais como legumes, verduras e frutas. Além disso, a dieta deve ser balanceada quantitativa e qualitativamente, garantindo segurança contra contaminações físico-químicas e biológicas.
É recomendável fazer pelo menos três refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar) e consumir seis porções diárias de cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), três porções de legumes e verduras frescas, além de frutas, tubérculos e raízes como batata e mandioca, preferencialmente integrais e naturais.
Também é aconselhável consumir ao menos três porções diárias de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos, retirando a gordura visível das carnes e a pele das aves antes de prepará-las. Reduzir o consumo de refrigerantes, sucos industrializados, bolos, biscoitos doces, sobremesas e guloseimas, bem como diminuir a quantidade de sal na comida e ingerir pelo menos dois litros de água por dia são práticas que contribuem para uma alimentação mais saudável.
Para mais recomendações, consulte a página da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.
REDAÇÃO QCE NEWS