Na quarta-feira (9), a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados deu luz verde ao protocolo complementar para o desenvolvimento do satélite Cbers-6, firmado entre Brasil e China. Cbers é a sigla para “satélite sino-brasileiro de recursos terrestres”. O deputado Márcio Marinho (Republicanos-BA) emitiu parecer favorável ao texto.
Assinado em abril de 2023 durante uma visita oficial do governo brasileiro a Pequim, o protocolo tem como objetivo desenvolver, fabricar, lançar e operar conjuntamente o satélite, que deverá ser colocado em órbita em 2028 a partir da China. Essa decisão reforça a intensificação das relações entre os dois países na esfera da tecnologia espacial.
Com um custo estimado em US$ 51 milhões para cada país, o projeto promete melhorar o monitoramento ambiental, especialmente na Amazônia, utilizando a tecnologia de Radar de Abertura Sintética (SAR).
Marinho destacou como principal vantagem da tecnologia “a capacidade de gerar dados em qualquer condição climática, inclusive por meio de nuvens, o que aprimora o monitoramento de queimadas, recursos hídricos, áreas agrícolas, crescimento urbano, uso do solo e desastres naturais no Brasil”.
As imagens geradas pelos satélites Cbers são utilizadas por diversas instituições públicas e privadas, incluindo o Ministério do Meio Ambiente, Ibama, Incra e universidades.
Inicialmente, a maior parte do financiamento era da China, que cobria 70% dos custos, enquanto o Brasil contribuía com 30%. Entretanto, a partir do terceiro satélite, essa divisão tornou-se equitativa, com 50% de investimento de cada país.
Atualmente, dois satélites da série, o Cbers-4 e o Cbers-4A, estão em operação, orbitando entre 630 e 780 km da Terra a uma velocidade de 28 mil km/h. Esses satélites produzem imagens diárias para o monitoramento ambiental, com foco especial na Amazônia.
Com a aprovação do protocolo na Câmara, as negociações poderão avançar para a troca de instrumentos de ratificação, fortalecendo o projeto do Cbers-6.
Ambições da China
Em ocasiões anteriores, o líder chinês, Xi Jinping, expressou o desejo da China de se tornar uma potência espacial, afirmando que isso se alinha à “estratégia nacional geral”.
Embora Pequim assegure que suas ambições espaciais têm fins pacíficos, a expansão do poder espacial, especialmente com a criação de bases terrestres de satélites em outros países, gera preocupação entre autoridades ocidentais e especialistas.
Esse receio se deve a uma possível militarização do programa espacial da China, dada a forte ligação do Exército de Libertação Popular (PLA) com suas atividades espaciais e o potencial uso para espionagem.
Um relatório do Center for Strategic and International Studies (CSIS) menciona as estações terrestres de satélites chinesas na Argentina, Chile, Bolívia, Brasil e Venezuela, apontando vínculos com o PLA e levantando preocupações sobre o uso dessas instalações para espionagem.
fonte:epochtimesbrasil