O histórico de punições do atacante do Flamengo Bruno Henrique acendeu o alerta das equipes de investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por suspeitas de manipulação do resultado de um jogo entre o time carioca e o Santos, na Arena BRB Mané Garrincha, em Brasília (DF).
A partida ocorreu em 1º de novembro de 2023. Apesar baixa média de penalidades do jogador, os investigadores identificaram uma suposta explosão de apostas contrárias ao histórico de punições do atacante antes dessa disputa.
Nos dois anos anteriores a partida, a perspectiva de penalização de Bruno Henrique era de 20%, com base na frequência de punições do atleta. Contudo, em ao menos duas casas de apostas, as apurações verificaram uma predileção em torno de 90% pela responsabilização do atleta no jogo contra o Santos.
Os investigadores descobriram a situação após receberem comunicados da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) com relatórios que indicavam um suposto volume incomum de apostas e a concentração delas em algumas plataformas, as quais previam que Bruno Henrique receberia ao menos um cartão na partida.
Para os investigadores, a movimentação indicou um suposto conhecimento prévio dos apostadores sobre a possível penalização do jogador.
A súmula da partida detalhou que, nos 5 minutos de acréscimo do segundo tempo, Bruno Henrique levou o primeiro um cartão amarelo, por golpear um adversário na disputa pela bola. Na sequência, recebeu cartão vermelho por ofender o árbitro, ao chamar o juiz de “merda”.
Por meio da Operação Spot-Fixing, deflagrada nesta manhã, a PF e o MPDFT apuram o suposto envolvimento de Bruno Henrique, além de parentes e conhecidos dele, em um esquema de manipulação do resultado do jogo.
Bruno Henrique teria buscado de forma deliberada, segundo o Ministério Público, ser punido com cartões pelo árbitro durante a disputa na Arena BRB Mané Garrincha.
Por supostamente saber que o atacante levaria ao menos um dos cartões, o irmão, a cunhada e a prima dele teriam criado, na véspera da partida, contas em casas de aposta virtual e feito palpites focados especificamente na punição contra o atleta.
Para os investigadores, o objetivo seria que parentes do jogador, supostamente cientes dessa intenção com antecedência, conseguissem ganhos por meio de apostas esportivas.
Os suspeitos teriam conseguido lucros indevidos com a suposta manipulação, segundo a PF e o MPDFT, que identificaram o mesmo suposto padrão de apostas nas contas de outros seis investigados.
As equipes da PF e do MPDFT cumpriram 12 mandados de busca e apreensão contra suspeitos, na manhã desta terça-feira (5/11), incluídos um irmão, uma cunhada e um primo do jogador.
Os investigadores visitaram as residências de todos os investigados – como a de Bruno Henrique, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ); a sede de uma empresa da qual o atacante é sócio, em Lagoa Santa (MG); e o quarto do flamenguista no Centro de Treinamento do Flamengo (CT), o Ninho do Urubu, também no RJ.
As buscas e apreensões foram autorizadas pela 7ª Vara Criminal de Brasília. Informações preliminares dão conta de que a operação resultou na apreensão de aparelhos celulares, computadores e outros itens pessoais dos investigados.
Spot-Fixing
A operação recebeu o nome de Spot-Fixing, expressão em inglês que se refere à manipulação de um aspecto específico de um jogo, não necessariamente relacionado ao resultado final, mas sobre o qual existe um mercado de apostas.
Bruno Henrique e os demais suspeitos, caso se tornem réus, podem responder por crimes previstos na Lei Geral do Esporte, relacionados a fraude de partida, bem como corrupção passiva e ativa esportivas.
Eles também podem ser acusados pela prática do crime de lavagem de dinheiro e, se forem identificadas outras manipulações, pelo crime de associação ou organização criminosa.
Fonte: metropoles