O regime comunista da China emitiu cerca de 4,2 trilhões de yuans (US$ 585 bilhões) em títulos do governo local durante os primeiros sete meses deste ano. Aproximadamente metade desses títulos foram destinados ao refinanciamento de dívidas governamentais anteriores, conforme mostram os dados mais recentes.
De acordo com o Ministério das Finanças do Partido Comunista Chinês (PCCh), apenas em maio foram emitidos 903,6 bilhões de yuans (US$ 126 bilhões) em títulos, o maior valor registrado em um único mês no primeiro semestre do ano.
Os dados disponíveis indicam que, dos 4,2 trilhões de yuans (US$ 585 bilhões) em títulos, cerca de 2 trilhões de yuans (US$ 279 bilhões) foram utilizados para refinanciar dívidas antigas ou dívidas vencidas.
Li Hengqing, contador sênior e economista do Instituto de Informação e Estudos Estratégicos dos Estados Unidos, destacou em 8 de agosto que os títulos de refinanciamento de 2 trilhões de yuans (US$ 279 bilhões) foram principalmente usados para pagar os juros das dívidas. A dívida do governo local da China alcançou 92 bilhões de yuans (US$ 12,58 bilhões) no final de 2023.
“Só o pagamento dos juros custa mais de 4 bilhões de yuans (US$ 557 bilhões) por ano; eles não têm dinheiro para pagar o principal”, afirmou Li.
“Isso é resultado da capacidade insuficiente dos governos locais para saldar suas dívidas. Desde o governo central do PCCh até os governos locais, a capacidade de pagamento das dívidas caiu drasticamente”, declarou Yu Yaw-shun, professor assistente de Finanças da Universidade Chung Hua, em Taiwan, ao The Epoch Times em 8 de agosto. O PCCh está “contraindo novas dívidas para quitar as antigas”.
“A expansão econômica e energética externa [do PCCh] foi bloqueada pelo Ocidente, o que já está refletindo nas finanças do PCCh. Todos os governos locais só podem contar com a circulação econômica interna”, acrescentou.
Dos 2,2 trilhões de yuans (US$ 307 bilhões) em novos títulos emitidos, 1,8 trilhões de yuans (US$ 251 bilhões) são títulos especiais e 0,4 trilhões de yuans (US$ 55,7 bilhões) são títulos gerais. Os fundos provenientes dos novos títulos especiais foram investidos principalmente em infraestruturas urbanas e industriais, representando cerca de 34% do total, seguidos por investimentos em infraestruturas de transporte, como ferrovias e estradas com pedágio, que representaram 20%, de acordo com os dados.
Nos primeiros sete meses deste ano, os fundos provenientes de títulos especiais para infraestruturas representaram 68,2% do total, um aumento de 5,1 pontos percentuais em relação ao ano passado.
Sobre a alta porcentagem de investimento em infraestrutura local do PCCh, Yu comentou: “De 2022 a 2024, o que vimos foi a expansão do Estado e a retração do setor privado, com investimentos estrangeiros diminuindo gradualmente. Assim, o PCCh agora depende da construção de infraestrutura com cimento, pontes e vigas de aço, especialmente porque sua indústria de IA e semicondutores foi bloqueada pelo Ocidente”.
Yu explicou que, como o PCCh só pode contar com a circulação interna, “a taxa de crescimento econômico na maioria das províncias costeiras está diminuindo. Eles dependem das províncias costeras para investir nas províncias do interior, e essa circulação interna já está enfrentando grandes problemas”.
Segundo o relatório orçamentário do PCCh deste ano, especialistas preveem que a emissão de títulos do governo local aumentará significativamente entre agosto e outubro, atingindo o pico anual.
Dívida oculta dos LGFVs
Dados do Ministério das Finanças do PCCh mostram que, no final de dezembro de 2023, a dívida do governo local era de 40 bilhões de yuans (US$ 5,57 bilhões). No entanto, a Goldman Sachs estimou em agosto de 2023 que a dívida acumulada dos governos locais era de 94 bilhões de yuans (US$ 13 bilhões), incluindo a dívida dos veículos de financiamento do governo local (LGFV), que são passivos extrapatrimoniais.
Os LGFVs são considerados um buraco negro no sistema financeiro da China. O Fundo Monetário Internacional estimou que a dívida total da China detida por LGFVs disparou de 57 trilhões de yuans (US$ 7,9 trilhões) em 2022 para 66 trilhões de yuans (US$ 9,1 trilhões) em 2023. O principal da dívida dos LGFVs é geralmente prorrogado por meio de novos empréstimos, mas os juros precisam ser pagos.
Yu afirmou que a avaliação das agências e instituições financeiras internacionais sobre a dívida da China representa “um grande golpe” para o regime chinês. “O refinanciamento da dívida e a rotação da dívida aumentaram certos riscos. Os países ocidentais não se atrevem a continuar investindo, e o status de fábrica global da China está gradualmente desaparecendo. Empresas taiwanesas, japonesas e outras estrangeiras estão deixando o país”.
Ele citou a Foxconn como exemplo, destacando que o fornecedor taiwanês da Apple abandonou suas fábricas de iPhone na China em abril, enquanto a Apple está transferindo sua produção para outros países.
“O poder financeiro do governo central já não é suficiente; então como os governos locais podem ter dinheiro?” perguntou Yu.
Li afirmou que a enorme dívida pública do PCCh e a emissão de títulos estão empurrando os bancos chineses para uma crise de dívida, reduzindo a liquidez. “Portanto, estamos realmente diante de um círculo vicioso. Eles estão presos nesse ciclo. Este não é um fenômeno recente; eles têm feito isso por anos, mas agora a crise está se tornando cada vez mais crítica, e o momento do colapso total está se aproximando”.
fonte:epochtimesbrasil