O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, encontrou-se na quinta-feira (29) com um alto oficial militar chinês, marcando uma reunião incomum em meio às crescentes tensões entre a China e os aliados dos EUA na região. Sullivan se reuniu com o general Zhang Youxia, vice-presidente da Comissão Militar Central (CMC), o principal órgão militar da China, liderado por Xi Jinping, o chefe do Partido Comunista Chinês (PCCh).
De acordo com um relatório da Casa Branca, Sullivan destacou que ambos os países “têm a responsabilidade de garantir que a competição não se transforme em conflito ou confronto”. A reunião sublinha a importância de manter uma comunicação regular entre os militares, como parte dos esforços para preservar a diplomacia de alto nível e manter abertas as linhas de comunicação.
Este encontro é uma exceção notável, visto que a última vez que um conselheiro de segurança nacional dos EUA se encontrou com um vice-presidente da CMC na China foi em 2016, quando Susan Rice, do governo Obama, se reuniu com Fan Changlong. Fan se aposentou da CMC em 2018.
Durante a reunião, Sullivan destacou a importância do intercâmbio entre os dois países, dizendo: “É raro termos a oportunidade de realizar esse tipo de intercâmbio. Dada a situação global e a necessidade de gerenciar com responsabilidade o relacionamento entre os EUA e a China, acho que esta é uma reunião muito significativa.”
Zhang expressou seu desejo de usar o encontro para comunicar-se “francamente” com Sullivan e discutir questões de interesse mútuo.
Os dois discutiram as tensões da China com o Japão, Filipinas e Taiwan, além do compromisso dos EUA com a liberdade de navegação no Mar do Sul da China e a possibilidade de uma chamada telefônica do comandante do teatro “em um futuro próximo”. Também abordaram temas como Gaza, o apoio da China à base industrial de defesa da Rússia e a necessidade de evitar erros de cálculo e escaladas no espaço cibernético.
Sobre Taiwan, Sullivan enfatizou a importância de manter “paz e estabilidade” no Estreito de Taiwan.
Antes da reunião com Zhang, Sullivan teve conversas extensas com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, na quarta-feira. Durante essas conversas, Wang afirmou que “Taiwan pertence à China” e pediu que os EUA “parassem de armar Taiwan e apoiassem a unificação pacífica da China”, conforme relatado por fontes chinesas.
Na quinta-feira, o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan criticou Wang por alegar “várias falácias” sobre a ilha durante as conversas com Sullivan. O ministério taiwanês afirmou que “a contínua intimidação e supressão de Taiwan pela China, bem como suas ambições de expansão militar, são a maior fonte de riscos para a paz e a estabilidade regionais”.
“Como membro responsável da comunidade internacional, Taiwan continuará a fortalecer sua capacidade de autodefesa e a colaborar com parceiros como os Estados Unidos para defender a ordem internacional baseada em regras e garantir a paz, estabilidade e prosperidade no Estreito de Taiwan e na região do Indo-Pacífico”, declarou o ministério.
As Filipinas têm protestado recentemente contra as “manobras perigosas” da China contra seus navios e aviões durante missões rotineiras de patrulha e reabastecimento em suas zonas econômicas exclusivas, conforme reconhecido pelo direito internacional. O Conselho Marítimo Nacional de Manila está pressionando por uma revisão do tratado de defesa com os EUA, à luz dos desafios de segurança apresentados pela China, que continua a afirmar agressivamente suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China, apesar da rejeição pelo Tribunal Permanente de Arbitragem em 2016.
“O cenário estratégico mudou bastante, então talvez seja hora de revisá-lo”, afirmou Alexander Lopez, porta-voz do conselho. O Tratado de Defesa Mútua entre os EUA e as Filipinas foi assinado em 1951. Lopez acrescentou que “envolver aliados tradicionais e novos aliados e reunir essas nações com ideias semelhantes” faz parte das ações diplomáticas das Filipinas contra as agressões da China no Mar das Filipinas Ocidental.
fonte:epochtimesbrasil