A Corregedoria-Geral da Justiça está investigando três juízes da Bahia, conhecidos como “Liga da Justiça”, por suspeitas de grilagem de terras, corrupção e agiotagem.
Os magistrados sob investigação são:
- André Marcelo Strogenski, juiz titular da 1.ª Vara Criminal;
- Fernando Machado Paropat, juiz titular da 1.ª Vara Cível da Comarca de Porto Seguro; e
- Rogério Barbosa de Sousa e Silva, juiz titular da Vara da Infância e Juventude e Execução de Medidas Socioeducativas.
A denúncia foi revelada no domingo (25) por uma reportagem exibida no programa Fantástico, da Globo.
Segundo a reportagem, os juízes estariam envolvidos em transações fraudulentas que os posicionavam como proprietários de terrenos e imóveis que pertenciam a outros donos.
Os três juízes foram afastados de seus cargos por decisão unânime do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em junho deste ano.
O esquema foi viabilizado porque Paropat era responsável pela supervisão dos documentos do cartório, incluindo escrituras falsas, função que exerceu por 13 anos.
De acordo com a investigação, os magistrados adquiriram 101 matrículas de propriedades em áreas valorizadas, como praias paradisíacas da Bahia. Em um dos empreendimentos, o grupo estava construindo um condomínio de luxo com 60 mil metros quadrados e 76 lotes.
Cada juiz ficou com 8 lotes, e, em junho de 2024, restava apenas um à venda, avaliado em R$ 3,3 milhões.
Além dos juízes, a investigação também inclui a participação de um promotor, empresários, advogados e um secretário municipal. Funcionários do cartório foram flagrados destruindo e escondendo documentos.
Na semana passada, o Ministério Público e a Polícia Militar realizaram buscas e apreensões nas residências dos juízes investigados. Paropat foi encontrado na casa de sua namorada, que fica no mesmo condomínio em que ele reside.
Outro juiz, Igor Carvalho Nunes Oliveira, também foi preso. Ele é ex-fiscal ambiental e já enfrentou problemas legais no ano passado relacionados à venda de licença ambiental. A decisão sobre a prisão e soltura de Oliveira foi tomada por outro juiz investigado, Strogenski, com quem ele foi filmado em uma festa após a soltura, junto a outros suspeitos, incluindo um fugitivo.
Durante a investigação, descobriu-se que os juízes estavam envolvidos em agiotagem, emprestando dinheiro a juros elevados e sem autorização do Banco Central. Mensagens de áudio revelaram as taxas de juros aplicadas e discussões sobre os empréstimos.
As defesas dos juízes investigados se manifestaram. A defesa de Paropat alegou que as informações divulgadas são prematuras e imprecisas, negando qualquer prática ilegal. Já a defesa de Rogério Barbosa afirmou que seu afastamento não está relacionado a atividades judiciais e que ele não esteve envolvido em processos imobiliários.
Até o momento, as defesas de Strogenski e dos demais envolvidos não comentaram sobre o caso. A Corregedoria continua a investigação para determinar a extensão e a natureza das atividades ilícitas atribuídas ao grupo.
fonte:epochtimesbrasil