O governo dos Estados Unidos anunciou a suspensão de 32 sites como parte de um esforço para conter as alegadas iniciativas do regime russo destinadas a influenciar o resultado das eleições de 2024. Em um comunicado divulgado em 4 de setembro, o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) informou que esses domínios estavam sendo utilizados em uma campanha de influência estrangeira maliciosa, supostamente conduzida pelo governo russo. O DOJ alegou que essas ações violam as normas de lavagem de dinheiro dos EUA e infringiram marcas registradas.
De acordo com o DOJ, a operação de influência russa utilizava influenciadores, conteúdo gerado por inteligência artificial e redes sociais para direcionar o tráfego da internet para domínios “ciber-ocupados” e outros. A prática de “ciber-ocupado” refere-se ao registro, uso ou venda de nomes de domínio com a intenção de lucrar com a marca registrada de outra pessoa, geralmente para revender a um preço elevado.
Alguns dos sites visados imitavam portais de notícias estabelecidos, como Fox News e Washington Post, para disseminar mensagens do governo russo disfarçadas de conteúdo de organizações de mídia legítimas. Outros sites no esquema de influência pareciam ter a função de repostar o conteúdo dos sites Doppelganger—sites falsos que imitam o endereço ou a aparência de sites reais para enganar os usuários.
O DOJ revelou que encontrou documentos internos do governo russo que detalham planos para moldar a opinião pública em países-alvo, incluindo os EUA, com o objetivo de influenciar os resultados eleitorais de 2024. Uma declaração juramentada apresentada na Pensilvânia acusou Sergei Vladilenovich Kiriyenko, um membro da equipe presidencial do presidente russo Vladimir Putin, de supervisionar a operação dos sites Doppelganger. A declaração também mencionou que as empresas russas Social Design Agency, Structura National Technology e ANO Dialog auxiliaram na gestão dos 32 sites suspensos.
Além das ações do DOJ, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou 10 indivíduos e duas entidades como parte de um esforço mais amplo contra a interferência russa nas eleições americanas. Entre os sancionados estão a ANO Dialog, por seu papel na operação Doppelganger, e Vladimir Grigoryevich Tabak, executivo da ANO Dialog. Outra entidade sancionada é o grupo hacker pró-Kremlin RaHDit. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, esclareceu que RaHDit significa “Russian Angry Hackers Did It” (Hackers Russos Furiosos Fizeram Isso).
As sanções também atingem Aleksey Alekseyevich Garashchenko, suposto líder do RaHDit, bem como Anastasia Igorevna Yermoshkina e Aleksandr Vitalyevich Nezhentsev, por sua participação no grupo. Outros indivíduos sancionados incluem Margarita Simonovna Simonyan, Elizaveta Yuryevna Brodskaia, Anton Sergeyvich Anisimov, Andrey Vladimirovich Kiyashko, Konstantin Kalashnikov e Elena Mikhaylovna Afanasyeva, todos editores ou funcionários de alto escalão da RT, uma empresa de notícias financiada pelo Estado russo, anteriormente conhecida como Rússia Today.
O Departamento do Tesouro revelou que a liderança da RT iniciou um esforço no início do ano para “recrutar secretamente influenciadores americanos desavisados” para apoiar campanhas de influência russa. Essa operação utilizou uma empresa de fachada para disfarçar o envolvimento do governo russo na promoção de conteúdo voltado para influenciar o público dos EUA.
Além disso, o DOJ apresentou uma acusação criminal em 4 de setembro contra Konstantin Kalashnikov e Elena Afanasyeva por supostamente direcionar US$ 10 milhões para financiar e gerenciar secretamente uma empresa de criação de conteúdo online com sede no Tennessee. A acusação, que foi feita em um tribunal federal de Nova York, não identificou diretamente a empresa Tennessee, referindo-se a ela apenas como “U.S. Company-1.” Kalashnikov e Afanasyeva permanecem foragidos.
Simultaneamente, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que considerará as entidades de mídia russa RT, RIA Novosti, TV-Novosti, Ruptly e Sputnik, que operam nos EUA, como agentes estrangeiros de acordo com a Lei de Missões Estrangeiras. Essa designação exigirá que essas entidades informem o Departamento de Estado sobre todo o pessoal que trabalha nos EUA e divulguem todas as propriedades que possuem no país.
fonte:metrópoles