Um ex-diretor de espionagem do Canadá alertou que as pessoas estão sendo alvo de ataques cognitivos que utilizam uma combinação de psicologia e tecnologias avançadas, identificando a China e a Rússia como os principais responsáveis. David Vigneault, que foi diretor do Serviço de Inteligência de Segurança Canadense (CSIS), discorreu sobre a “guerra cognitiva” durante seu depoimento à Comissão de Interferência Estrangeira em 27 de setembro.
Vigneault caracterizou essa abordagem não convencional como uma evolução da guerra psicológica, tradicionalmente utilizada para minar a moral e a determinação de um inimigo. Segundo uma análise de inteligência do CSIS de setembro de 2023, apresentada na comissão, a guerra cognitiva se distingue por combinar “operações psicológicas e de informação tradicionais com os mais recentes avanços em tecnologias de computação, cognitivas e neurociência”.
“Trata-se de um uso muito prejudicial da tecnologia, da mídia e de um entendimento mais aprofundado da psicologia humana e do funcionamento do cérebro”, explicou Vigneault ao ser questionado pela comissão sobre o conceito. Ele ressaltou que o principal objetivo é “transformar a maneira como uma população inteira reflete e pensa sobre um determinado problema”.
Após deixar o CSIS em julho, Vigneault citou como exemplo claro de guerra cognitiva a utilização dessa tática pela República Popular da China (RPC) contra Taiwan. Desde que o governo nacionalista chinês se refugiou na ilha em 1949, durante a revolução comunista no continente, Pequim busca exercer controle sobre Taiwan, que é autônoma e possui sua própria constituição e líderes democraticamente eleitos.
Vigneault destacou que a RPC constantemente “bombardeia” Taiwan com mensagens que favorecem os interesses de Pequim, uma prática que se intensificou antes da última eleição. “A longo prazo, o objetivo é mudar a percepção de um número suficiente de pessoas sobre um problema, neste caso, a ideia de que a anexação de Taiwan à RPC é inevitável”, afirmou, acrescentando que essa estratégia visa reduzir a resistência da população taiwanesa.
As eleições presidenciais em Taiwan ocorreram em janeiro, acompanhadas de uma onda de desinformação. O Partido Democrático Progressista, que é o mais oposto a uma possível anexação por Pequim, venceu com 40% dos votos.
Em resposta à ameaça da China, o Departamento de Investigação do Ministério da Justiça de Taiwan anunciou a criação do seu Centro de Pesquisa em Guerra Cognitiva logo após a eleição. O Ministro da Justiça, Tsai Ching-hsiang, comentou que forças externas hostis ampliaram a intensidade e a extensão das atividades de guerra cognitiva nos últimos anos, tentando “cozinhar sapos em água morna”.
Como outro exemplo da guerra cognitiva, Vigneault mencionou a utilização dessa estratégia pela Rússia em relação à sua guerra na Ucrânia, tanto no território russo quanto internacionalmente, adaptando conteúdos a regiões específicas para moldar a opinião pública a seu favor.
A OTAN caracteriza a guerra cognitiva como uma “manipulação de toda a sociedade”, afirmando que se tornou uma nova norma, com a cognição humana sendo um domínio crítico da guerra.
fonte:epochtimesbrasil