O homem, que usa o pseudônimo “Eric”, trabalhou para o Ministério de Segurança Pública (MPS) da China por 15 anos, atuando como agente secreto. Em uma entrevista à emissora pública australiana ABC, Eric revelou que foi convidado pela comissão para testemunhar neste outono.
Eric esteve envolvido na perseguição de dissidentes chineses ao redor do mundo, com missões que iam da Índia ao Canadá, tentando atrair indivíduos para países onde poderiam ser sequestrados e retornados à China. Anteriormente, ele havia fornecido documentos internos ao Epoch Times sobre suas atividades de coleta de informações a respeito de um praticante de Falun Gong na Tailândia.
Atualmente, a comissão está na sua segunda fase, investigando a capacidade do governo canadense em combater a interferência estrangeira, e planeja realizar audiências públicas em setembro e outubro.
A ABC não revelou se Eric, de 39 anos, aparecerá publicamente. Um porta-voz da comissão informou ao Epoch Times que “não comenta sobre o status da investigação, seus planos ou se algum indivíduo específico está no centro da apuração”.
A investigação pública foi iniciada em resposta às preocupações sobre a interferência chinesa na sociedade canadense. Embora o escopo tenha sido ampliado para incluir as ações de outros países, o foco principal continua sendo a China.
A inteligência canadense indica que a República Popular da China (RPC) é a principal responsável pela interferência estrangeira contra o Canadá, conforme relatado pela Comissária Marie-Josée Hogue em seu relatório provisório divulgado em maio.
Eric chegou à Austrália no ano passado e forneceu à Organização Australiana de Inteligência de Segurança vários registros documentando suas atividades para o Bureau de Proteção Política do MPS. Esta unidade, conhecida como 1º Bureau, é responsável pela repressão de dissidências políticas.
“É o departamento mais sombrio do governo chinês”, afirmou Eric à ABC. “Quando lidam com pessoas que se opõem ao PCCh [Partido Comunista Chinês], eles podem agir como se essas pessoas não fossem protegidas pela lei. Podem fazer o que quiserem com elas.”
Eric também compartilhou com a Comissão de Interferência Estrangeira algumas de suas informações, incluindo mensagens criptografadas e relatórios de inteligência.
A comissão já tem acesso às informações de inteligência canadense sobre a interferência estrangeira, mas relatos em primeira mão sobre operações chinesas podem ser particularmente valiosos.
Eric esteve envolvido na coleta de informações sobre o dissidente chinês Hua Yong na Tailândia. Hua, um crítico de longa data do PCCh, mudou-se para o Canadá e morreu em um acidente de caiaque na Colúmbia Britânica em 2022.
Após o incidente, Eric afirmou à ABC que acreditava ser possível que Hua tivesse sido assassinado.
“Mas, na verdade, eu não poderia afirmar se a morte dele foi um acidente ou um assassinato, pois não participei do caso”, disse ele. “Tudo o que eu posso dizer é que o Sr. Hua era um alvo de longa data da policia secreta.”
A RCMP não classificou a morte como suspeita e afirmou anteriormente ao Epoch Times que uma investigação completa foi realizada.
O Canadá tem enfrentado escândalos de interferência estrangeira nos últimos anos, incluindo o assassinato de um separatista sikh em território canadense. Ottawa acusou agentes indianos de envolvimento, uma alegação que Nova Délhi negou.
Além disso, foi reportado que delegacias de polícia chinesas estavam operando no Canadá, levando a RCMP a divulgar a existência de investigações em andamento.
As delegacias, reportadas inicialmente pela ONG de direitos humanos Safeguard Defenders, com sede na Espanha, e presentes globalmente, estariam envolvidas na repressão transnacional e na perseguição de indivíduos de interesse para Pequim.
Eric mencionou em uma conferência de defesa na Austrália no início deste ano que há pelo menos 1.200 agentes do PCCh atuando no país.
A Austrália havia recebido uma advertência semelhante sobre as operações de inteligência chinesas quando o diplomata chinês Chen Yonglin desertou para o país em 2005. Chen alegou que havia 1.000 espiões do PCCh na Austrália na época.
fonte:epochtimesbrasil