A Prefeitura de Manila anunciou a intenção de realizar uma cúpula com pelo menos 20 países à margem da Assembleia Geral da ONU nas próximas semanas. O objetivo é encontrar maneiras de “fazer a China ouvir a razão” em relação à sua agressão contra as Filipinas no Mar do Sul da China.
O embaixador filipino nos Estados Unidos, Jose Manuel Romualdez, revelou o plano no dia 10 de setembro durante o Future Security Forum 2024, realizado em Washington, um evento anual promovido pela Universidade Estadual do Arizona e pelo think tank New America.
“As Filipinas nunca enfrentaram um desafio como este desde a Segunda Guerra Mundial,” afirmou Romualdez.
As tensões entre China e Filipinas aumentaram recentemente, com Manila criticando Pequim por colidir com seus barcos, atacá-los com canhões de água e disparar sinalizadores contra suas aeronaves. A maioria desses incidentes ocorreu no Atol Sabina, conhecido nas Filipinas como Atol Escoda e na China como Xianbin Jiao.
O incidente mais recente aconteceu em 31 de agosto, quando Manila alegou que um navio da Guarda Costeira chinesa “deliberadamente abalroou e colidiu” com um navio de patrulha filipino três vezes, apesar da ausência de provocação por parte da Guarda Costeira filipina. Em agosto, Jay Tarriela, porta-voz da Força-Tarefa Nacional das Filipinas para o Mar do Oeste das Filipinas, publicou em uma postagem na plataforma de mídia social X que o Atol Sabina “está localizado dentro” da zona econômica exclusiva das Filipinas, conforme estabelecido pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e pela decisão de 2016 do Tribunal Permanente de Arbitragem em Haia.
A decisão do tribunal rejeitou a reivindicação da China sobre a “linha de nove traços”, que cobre cerca de 85% dos 2,2 milhões de milhas quadradas do Mar do Sul da China.
“Até o momento, a China mantém cerca de 238 navios ou embarcações de milícia em nossa área, e eles continuam a agir assim diariamente,” disse Romualdez.
O embaixador informou que a cúpula está programada para a semana de 22 de setembro, enquanto a 79ª Assembleia Geral da ONU começou em 10 de setembro e se encerrará em 30 de setembro.
Romualdez enfatizou a importância das “abordagens multilaterais” para lidar com as ações da China no Mar do Sul da China. “Quanto mais países se unirem e transmitirem uma mensagem à China de que suas ações estão claramente erradas, teremos uma chance maior de evitar o erro que todos tememos,” afirmou o embaixador.
Gordon Chang, pesquisador sênior do Instituto Gatestone e autor de “The Coming Collapse of China” (O Colapso Imminente da China), argumentou que a agressão da China contra as Filipinas indica que o líder do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, “decidiu avançar contra um vizinho vulnerável,” conforme um artigo publicado por Chang em 26 de agosto.
“O risco é que um ataque às Filipinas possa levar a um conflito regional mais amplo,” escreveu Chang, alertando que tal conflito poderia colocar a aliança China, Rússia e Coreia do Norte contra os Estados Unidos e seus aliados.
Os Estados Unidos e as Filipinas possuem um tratado de defesa mútua, e em 2022, o presidente Joe Biden reafirmou o compromisso “inabalável” de Washington com a defesa das Filipinas durante uma reunião com o presidente filipino, Ferdinand Marcos Jr., em Nova Iorque.
“Não vamos ceder um centímetro do nosso território,” declarou Romualdez. “É crucial notar que, se ceder-mos, mesmo um pouco, será como um efeito dominó. Se isso acontecer conosco, outras nações enfrentarão o mesmo problema.”
Ele acrescentou que o país está dialogando com seus vizinhos, especialmente aqueles com reivindicações territoriais na mesma área, como Malásia, Brunei e Vietnã, para encontrar maneiras de se unir e também abordar a questão com a China.
No ano passado, Pequim publicou um novo mapa com uma “linha de 10 traços” ampliando suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China. Romualdez alertou que a China pode continuar a expandir suas reivindicações, mencionando que “pode chegar a 11, 12 [ou] 13 traços.”
“Acredito que a China deseja dominar,” disse ele. “Eles aspiram a se tornar a superpotência dominante, especialmente na região do Indo-Pacífico.”
Fonte:epochtimesbrasil