A repressão aos protestos na Venezuela após as eleições presidenciais de 28 de julho foi descrita como “brutal” pela Human Rights Watch (HRW). A organização relatou ter recebido “informações críveis” sobre 24 assassinatos, dos quais 11 foram confirmados de forma independente.
No relatório divulgado em Bogotá na terça-feira (3), a HRW revelou ter obtido dados sobre 24 mortes durante os protestos, incluindo um membro da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Esses relatórios foram fornecidos por organizações locais independentes, como Foro Penal, Justicia Encuentro y Perdón, Monitor de Víctimas e Provea, ou encontrados em redes sociais.
A HRW documentou “independentemente” 11 desses casos, verificando certidões de óbito, analisando vídeos e fotos e entrevistando 20 pessoas, entre testemunhas e fontes locais. No entanto, muitos familiares e testemunhas temeram represálias e não quiseram cooperar.
A organização analisou e verificou 39 vídeos e duas fotos dos protestos, usando essas evidências para confirmar os locais e horários dos eventos. Além disso, consultou patologistas forenses e especialistas em armas para examinar ferimentos e armamentos identificados nas imagens.
A repressão também incluiu a detenção de mais de 2.400 pessoas, segundo autoridades venezuelanas, enquanto a Foro Penal registrou mais de 1.580 “presos políticos” desde 29 de julho, incluindo 114 adolescentes. Os procuradores acusaram centenas de pessoas de crimes amplamente definidos, como “incitamento ao ódio”, “resistência à autoridade” e “terrorismo”.
A HRW denuncia que as autoridades venezuelanas e os “coletivos” — grupos civis armados que apoiam o governo — têm cometido abusos generalizados, incluindo assassinatos, detenções arbitrárias e processos injustos. A diretora da Divisão das Américas da HRW criticou a brutalidade da repressão, especialmente contra a oposição que contestou o resultado das eleições.
Na segunda-feira, um juiz ordenou a prisão do candidato oposicionista Edmundo González Urrutia, acusado pelo Ministério Público venezuelano de “incitamento à desobediência” e “conspiração”.
A HRW observou que, apesar das violações e irregularidades cometidas pelo regime, muitos venezuelanos votaram nas eleições de 28 de julho. Poucas horas após o fechamento das urnas, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Nicolás Maduro vencedor com mais de 51% dos votos, mas não divulgou as atas eleitorais. Peritos da ONU e do Carter Center observaram a eleição e destacaram a falta de “transparência e integridade” no processo, enquanto as atas publicadas pela oposição foram consideradas confiáveis.
fonte:epochtimesbrasil