Um novo relatório do Centro de Estudos dos EUA indica que a Índia está excessivamente focada em sua fronteira terrestre com a China, o que pode levar à perda de seu poder no Oceano Índico. Segundo o documento, a influência da Índia na região está “à beira de se desgastar rapidamente”, e é crucial que a Austrália e os Estados Unidos intensifiquem a cooperação militar para fortalecer a capacidade naval da Índia no Oceano Índico.
O relatório aponta que o Partido Comunista Chinês (PCCh) está rapidamente expandindo sua marinha, adquirindo novos navios de grande porte, incluindo três porta-aviões, oito cruzadores e dezenas de contratorpedeiros e fragatas equipados com mísseis guiados. A China também está planejando adicionar mais embarcações em breve.
Além da sua base militar na República do Djibuti, o PCCh tem acesso a portos em Gwadar (Paquistão), Hambantota (Sri Lanka), Chittagong (Bangladesh) e Ream (Camboja), e está desenvolvendo novas operações portuárias em Bangladesh e Mianmar. Essa presença aumentada deu à Marinha Chinesa experiência em operações expedicionárias e um motivo para patrulhar continuamente o Oceano Índico.
“Textos militares chineses consideram o Pacífico e o Índico como uma região unificada de ‘dois oceanos’, onde a China busca construir influência política e uma presença militar duradoura. Em tempos de paz ou guerra, a presença naval da China representa um risco estratégico crescente para a Índia e seus parceiros”, alerta o relatório.
A marinha chinesa também tem intensificado suas atividades com navios de pesquisa de uso dual para mapear o Oceano Índico, incluindo incursões na zona econômica exclusiva da Índia. O relatório expressa preocupações adicionais sobre a possível expansão das capacidades submarinas do PCCh, incluindo submarinos e veículos subaquáticos não tripulados (UUVs).
Entre 2000 e 2020, a Marinha Indiana adquiriu novos ativos, como seis submarinos de ataque a diesel, quatro submarinos de mísseis balísticos, o navio de desembarque INS Jalashwa, sete destróieres com mísseis guiados e 14 fragatas, além de 18 aeronaves de patrulha marítima de longo alcance. No entanto, a crise na fronteira com a China em 2020 desviou a atenção da Índia para o Norte e ajustou seus gastos militares.
Após a crise em Ladakh, que resultou em mortes de soldados indianos, a Índia aumentou os gastos com seu Exército, enquanto o orçamento da Marinha foi reduzido, embora ainda permaneça significativo em termos absolutos.
O Centro de Estudos alerta que a Marinha Indiana não está acompanhando o ritmo de expansão necessário para enfrentar o crescimento da presença naval chinesa no Oceano Índico. A recomendação é que a Índia, os EUA e a Austrália intensifiquem a cooperação internacional, especialmente em guerra anti-submarina (ASW) e guerra submarina (USW).
O relatório sugere que a cooperação deve incluir um maior compartilhamento de dados entre as marinhas dos três países e o desenvolvimento conjunto de tecnologias como UUVs e sensores ASW. Também recomenda a criação de um Centro Combinado de Operações de Guerra Anti-Submarina (CASWOC) para coordenar operações entre as nações parceiras.
Apesar dos riscos associados ao compartilhamento de dados sensíveis, o relatório acredita que os parceiros podem mitigar esses riscos através de garantias técnicas e processos seguros, à medida que a confiança entre eles se desenvolve.
O Centro adverte que, mesmo com essas medidas, os parceiros não conseguirão competir diretamente com a China apenas com capacidade naval. A solução seria compensar a desvantagem em massa por meio de tecnologia avançada e cooperação internacional.
fonte:epochtimesbrasil