A Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu a primeira fase da investigação relacionada a exames de transplante que apresentaram resultados equivocados, detectando HIV em órgãos e resultando na contaminação do vírus em seis pacientes.
Na sexta-feira (18), a Justiça decidiu prorrogar a prisão temporária de quatro funcionários do laboratório PCS Saleme, envolvidos no caso.
Entre os detidos, o biólogo aposentado Cleber de Oliveira Santos declarou em seu depoimento que sua contratação foi feita verbalmente e que foi substituído em 20 de janeiro de 2024, dias antes da realização do primeiro exame que apresentou resultado falso negativo em 23 de janeiro.
Cleber afirmou que, durante sua coordenação, sempre exigiu o controle de qualidade diário dos equipamentos utilizados.
Outros depoimentos, como os dos técnicos de laboratório Jacqueline Bacellar e Ivanílson Fernandes dos Santos, que também estão presos, relataram ter recebido instruções para reduzir os custos do controle de qualidade dos exames.
Bacellar mencionou que a ordem partiu diretamente de Walter Vieira, proprietário da clínica, que também está preso. De acordo com ela, o dono determinou que a calibração dos aparelhos, que deveria ser diária, fosse realizada apenas uma vez por semana, o que comprometeu a segurança dos resultados.
Ela também revelou que os funcionários foram informados com antecedência sobre uma fiscalização da Vigilância Sanitária, que ocorreu no Instituto Estadual de Cardiologia (Iecac). Bacellar afirmou que foi alertada em um grupo de WhatsApp no dia 5 de outubro, e ajustes foram feitos para causar uma boa impressão durante a fiscalização.
A coordenadora técnica do laboratório e sucessora de Cleber, Adriana Vargas, não foi presa, mas também prestou depoimento. Ela negou ter dado ordens para alterar os protocolos de controle de qualidade, afirmando que sua função era apenas supervisionar os técnicos.
Matheus Vieira, filho de Walter e sócio do laboratório, inicialmente optou por permanecer em silêncio durante seu depoimento, mas depois negou que houvesse uma diminuição na frequência do controle de qualidade. Matheus, também preso, contestou que o laboratório soubesse antecipadamente sobre a fiscalização.
O Ministério Público (MP) enviou novas denúncias à Justiça, destacando que o PCS Saleme emitiu diversos laudos com resultados falsos positivos e negativos para HIV, afetando até mesmo crianças.
Em suas palavras, o MP declarou que “os erros nos laudos representam um total desrespeito à vida, movido pela ganância e pelo lucro, algo sem precedentes no Brasil”.
Os promotores acrescentaram que tanto o laboratório quanto os investigados estão sendo processados em diversas ações indenizatórias por danos morais e materiais.
fonte:epochtimesbrasil