A quebra dos sigilos bancário e fiscal do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União), foi autorizada no âmbito da Operação Fim da Linha, que apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) através de empresas de ônibus da capital paulista. A investigação abrange 12 anos da vida financeira do vereador, com a autorização sendo concedida em fevereiro de 2023 pelo juiz Guilherme Kellner, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro, a pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Contudo, mesmo após 10 meses, os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ainda não receberam os dados bancários, o que está prejudicando o progresso das investigações.
Milton Leite, considerado um dos políticos mais influentes de São Paulo, entrou no foco do MPSP devido à sua proximidade com Luiz Carlos Efigênio Pacheco, conhecido como Pandora, presidente da Transwolff, empresa suspeita de ter ligações com o PCC. A facção criminosa teria investido R$54 milhões na Transwolff para que esta pudesse participar da licitação do transporte público na cidade. Pandora, cabo eleitoral histórico de Leite desde as eleições de 2008, chegou a ser preso em abril de 2023, mas obteve um habeas corpus e foi liberado no início de junho. Em 2006, uma empresa de Milton Leite construiu uma garagem para a Cooper Pam, que posteriormente se transformou na Transwolff.
Ao ser questionado pelo Metrópoles sobre a quebra de sigilo, Milton Leite afirmou que não tinha conhecimento do teor do pedido, mas que estava disposto a disponibilizar seus dados bancários ao MPSP, caso solicitado. Em tom irônico, disse: “Se está demorando para os bancos passarem, podem pedir direto para mim, que é mais rápido.”
Fonte: metropoles