A Justiça Federal condenou 15 indivíduos que faziam parte de três organizações criminosas responsáveis pela imigração ilegal de brasileiros, incluindo menores, para os Estados Unidos. As penas variam de 10 a 20 anos de prisão, com os líderes recebendo penas mais severas. Entre os líderes condenados está um ex-prefeito de Tarumirim, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), as três organizações criminosas eram em grande parte formadas por grupos familiares – filhos, irmãos e cônjuges. Atuando desde 2018, elas organizavam viagens semanais para imigração ilegal, utilizando o esquema conhecido como “cai-cai”. Nesse esquema, adultos acompanhados por menores se entregavam às autoridades americanas, alegando dificuldades no Brasil e solicitando asilo. A imigração também ocorria por meio de travessias na fronteira com o México. Alguns emigrantes foram sequestrados e forçados a pagar quantias exorbitantes para serem libertados, enquanto outros foram deportados de volta ao Brasil. Houve uma morte registrada durante o processo.
Os esquemas foram descobertos entre maio e junho de 2019, quando a Polícia Federal realizou cerca de 40 entrevistas com passageiros no aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, que estavam a caminho, principalmente, de Cancún e Cidade do México. Com base nas informações obtidas, foram realizadas investigações em diversos municípios mineiros, como Governador Valadares, Tarumirim, Engenheiro Caldas, Sobrália, Alvarenga, Ipaba, Jampruca, Frei Inocêncio, Caratinga e Piedade de Caratinga, além de outros estados, como Rondônia.
De acordo com o MPF, interceptações telefônicas e quebras de sigilo fiscal e telemático ajudaram a polícia a descobrir o modus operandi das organizações e o papel de cada acusado. Os criminosos facilitam a obtenção de passaportes, reservas e compra de passagens aéreas, transporte no México, suporte para cruzar fronteiras, advogados e pagamentos de fiança. Em troca, os emigrantes se endividaram enormemente, penhorando bens, sacando FGTS, oferecendo parcelas de seguro-desemprego, assinando notas promissórias e entregando veículos. A dívida alcançava até 22 mil dólares, equivalente a 123.640 reais na cotação atual.
Os condenados foram encontrados culpados por imigração ilegal, envio ilegal de menores para o exterior e organização criminosa. Apesar das condenações, o MPF recorreu ao Tribunal Regional Federal da 6ª Região, em Belo Horizonte, para aumentar as penas e para que todos os réus aguardassem o julgamento de recurso em prisão.