Teerã confirmou que Masoud Pezeshkian, o líder iraniano recém-empossado, participará da próxima cúpula do BRICS, que ocorrerá em Kazan, Rússia, de 22 a 24 de outubro. O anúncio vem em meio a crescentes tensões entre o Ocidente e o Irã, relacionadas às alegações de fornecimento de armas iranianas à Rússia.
Kazem Jalali, embaixador do Irã em Moscou, informou à agência de notícias russa TASS no dia 15 de setembro que Pezeshkian, que assumiu o cargo em agosto após vencer as eleições de julho, se encontrará com o presidente russo, Vladimir Putin, durante a cúpula.
O BRICS, uma aliança econômica formada em 2006 para desafiar a supremacia econômica ocidental, inicialmente incluía Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Este ano, o bloco expandiu-se para incluir o Irã, a Arábia Saudita, o Egito, a Etiópia e os Emirados Árabes Unidos.
Jalali fez o anúncio durante um fórum de mídia do BRICS em Moscou, que está sendo realizado ao longo de quatro dias e conta com a presença de representantes de veículos de 45 países.
A Rússia, que atualmente preside o BRICS, busca ampliar ainda mais o grupo para promover uma ordem mundial “multipolar”.
A visita de Pezeshkian a Kazan ocorre em meio ao aumento das tensões com o Ocidente, alimentadas pela crescente cooperação militar entre Teerã e Moscou. Recentemente, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, acusou o Irã de fornecer mísseis balísticos à Rússia para uso potencial na invasão da Ucrânia.
Blinken, ao lado do secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, afirmou que a colaboração militar crescente entre Rússia e Irã “compromete a segurança europeia e mostra a influência desestabilizadora do Irã além do Oriente Médio”.
Em 9 de setembro, os EUA, Reino Unido, França e Alemanha impuseram novas sanções a ativos iranianos, incluindo a Iran Air, a companhia aérea nacional do Irã. No entanto, Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores do Irã, negou no dia seguinte que seu país estivesse fornecendo mísseis balísticos à Rússia e criticou as sanções ocidentais como parte do problema.
Teerã e Moscou têm negado alegações de fornecimento de mísseis e drones, com Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, afirmando em 14 de setembro que os EUA tentam criar uma divisão entre os dois países com alegações falsas sobre a entrega de armas. Ryabkov também destacou que a cooperação entre Rússia e Irã não viola o direito internacional nem afeta a segurança regional.
Nos últimos anos, Rússia e Irã, ambos sob sanções ocidentais, estreitaram seus laços, especialmente no campo da segurança. Eles colaboram na Síria para apoiar o governo de Damasco contra o que consideram “grupos terroristas apoiados por estrangeiros”. Além disso, no ano passado, o Irã tornou-se membro pleno da Organização de Cooperação de Xangai, um bloco eurasiano criado por Moscou e Pequim em 2001.
Recentemente, Pezeshkian expressou seu desejo de fortalecer as relações com a Rússia, chamando-a de “parceiro estratégico” do Irã. Ele fez esses comentários durante uma reunião com Sergei Shoigu, chefe do Conselho de Segurança da Rússia, em Teerã no início de agosto. Rússia e Irã também estariam elaborando um acordo de parceria estratégica, cujo conteúdo exato ainda não foi revelado, mas Jalali indicou que o acordo pode ser assinado ainda este ano.
fonte:epochtimesbrasil