No último domingo (15), dois navios de guerra alemães passaram pelo Estreito de Taiwan em direção à Indonésia, marcando a primeira vez em 22 anos que embarcações militares da Alemanha cruzam esta rota disputada entre a China e Taiwan.
O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, confirmou o trânsito em uma coletiva de imprensa no dia 13 de setembro. Ele revelou que a fragata Baden-Wuerttemberg e o navio de abastecimento Frankfurt am Main estavam em rota pelo Estreito de Taiwan, destacando que “águas internacionais são águas internacionais” e que a passagem estava em conformidade com as leis internacionais.
O Ministério da Defesa Nacional de Taiwan confirmou que os navios alemães atravessaram o Estreito no mesmo dia, com o exército taiwanês monitorando de perto as atividades aéreas e marítimas ao redor da ilha durante o trânsito.
Atualmente, os navios alemães estão envolvidos em exercícios militares no Indo-Pacífico com as marinhas de França, Indonésia, Itália, Japão, Malásia, Cingapura, Filipinas e Estados Unidos. Eles já realizaram visitas ao Japão e à Coreia do Sul.
O Estreito de Taiwan é uma importante via navegável que separa a China de Taiwan e é crucial para o tráfego marítimo global, com cerca de metade dos navios porta-contêineres do mundo passando por lá.
Apesar de a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar garantir a liberdade de navegação em águas internacionais, o Partido Comunista Chinês (PCCh) reivindica jurisdição sobre o estreito, alegando que faz parte da sua zona econômica exclusiva e soberania sobre Taiwan. Taiwan, por sua vez, rejeita as reivindicações chinesas e afirma que apenas a população da ilha pode decidir seu futuro.
O PCCh frequentemente realiza exercícios militares no Estreito de Taiwan e nas áreas ao redor, intensificando a pressão militar sobre Taiwan nos últimos anos.
Enquanto os navios alemães estavam no porto de Incheon, na Coreia do Sul, em 6 de setembro, o comandante da frota alemã, contra-almirante Axel Schulz, evitou confirmar se os navios passariam pelo Estreito de Taiwan, citando questões de segurança operacional. Schulz destacou a importância de rotas marítimas seguras e protegidas para a economia global.
A revista alemã Spiegel havia noticiado que os navios planejavam passar pelo Estreito em 7 de setembro. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do PCCh, Mao Ning, expressou em 9 de setembro a oposição de Pequim, afirmando que a China se opõe firmemente à provocação e ao risco à sua soberania.
Michael Roth, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento Alemão, criticou a reação chinesa em uma publicação na plataforma X, defendendo a liberdade de navegação e a estabilidade na região. Roth reiterou que a passagem dos navios não deve ser vista como uma provocação, mas como uma afirmação da paz e segurança no Estreito de Taiwan.
Chung Chih-tung, pesquisador assistente do Instituto de Pesquisa de Defesa Nacional e Segurança de Taiwan, comentou que a Alemanha tem demonstrado com ações concretas seu compromisso com a paz e estabilidade no Estreito de Taiwan, em contraste com meras declarações.
A Alemanha, que possui fortes laços comerciais tanto com a China quanto com Taiwan, vê a ênfase na liberdade de navegação como essencial para evitar conflitos na região e impedir bloqueios por parte do PCCh. Os navios alemães, ao participarem dos exercícios no Sudeste Asiático, escolheram passar pelo Estreito de Taiwan para sublinhar a importância da segurança regional.
Enquanto isso, Shu Hsiao-Huang, pesquisador associado do Instituto de Pesquisa de Defesa Nacional e Segurança de Taiwan, destacou que a passagem dos navios alemães é mais uma declaração política do que um indicativo de envolvimento militar direto. Ele observou que a presença militar dos EUA na região do Indo-Pacífico é mais relevante para enfrentar possíveis conflitos.
Chung também mencionou que a crescente participação da OTAN na segurança do Indo-Pacífico poderá impactar as relações entre a China e a UE, aumentando o potencial de conflitos na região.
fonte:epochtimesbrasil