Os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Eduardo Braga (MDB-AM), juntamente com o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR), foram indiciados pela Polícia Federal (PF) sob a suspeita de terem recebido propina para beneficiar o antigo grupo Hypermarcas, atualmente conhecido como Hypera Pharma.
Eles enfrentam acusações de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção passiva. Embora o inquérito tenha começado em 2018, o relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) apenas em agosto deste ano.
A investigação contra os três parlamentares surgiu a partir de um acordo de colaboração premiada homologado em 2022, firmado por um ex-executivo da Hypermarcas.
Nelson Mello, que era o diretor de relações institucionais da empresa, revelou que R$ 30 milhões foram pagos a lobistas que, representando seus grupos, influenciavam decisões governamentais. Os lobistas teriam repassado esse montante aos senadores envolvidos.
Originada como um desdobramento da Operação Lava Jato em 2018, a investigação contra Jucá, Braga e Calheiros tramita em sigilo há seis anos, sob a relatoria do ministro Edson Fachin, que encaminhou as conclusões à Procuradoria-Geral da República (PGR).
A Operação Lava Jato, que ocorreu entre 2014 e 2021, resultou em mais de 1.000 mandados de busca e apreensão e na prisão de mais de 100 pessoas, incluindo empresários e políticos de destaque, como o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O nome da operação refere-se a um posto de combustíveis que foi utilizado para movimentar valores ilícitos.
Com mandatos no Senado até 2026, Calheiros e Braga ocupam posições estratégicas no governo Lula: o primeiro tem seu filho como ministro dos Transportes, enquanto o segundo é relator da regulamentação da reforma tributária.
Por outro lado, Jucá não possui foro privilegiado, ao contrário dos outros dois senadores, e perdeu as eleições em 2018 e 2022.
Calheiros é o único sem declaração oficial
A defesa de Romero Jucá declarou que “repudia o indiciamento recente, fundamentado unicamente na delação do ex-executivo da Hypermarcas”. Também afirmou que “este inquérito busca criminalizar a política, pois o papel parlamentar implica conexão com setores da sociedade, empresários e grupos econômicos”.
Os advogados de Eduardo Braga classificaram as acusações como “ilusões sem fundamento nos elementos do inquérito”, enfatizando que “há provas evidentes de que o parlamentar não teve contato com o delator, que, além de mudar sua versão após quatro anos, baseia suas declarações em mero ‘ouvir dizer’”.
A Hypera Pharma, por sua vez, afirmou que “concluiu em 2020 investigações internas sobre irregularidades ocorridas entre 2013 e 2015” e que “o assunto foi resolvido com um acordo de leniência em 2022”.
fonte:epochtimesbrasil