A polícia jogou gás contra os manifestantes, que responderam com pedradas e coquetéis molotov.
Em meio aos protestos, Senado da Argentina aprova projeto-chave de reformas de Milei
A ‘Lei de Bases’ precisou de voto de minerva do vice-presidente argentino, que comandava o Senado. Em nota, o gabinete de Milei afirmou que manifestantes pretendiam dar golpe de Estado e elogiaram as forças de segurança para reprimir ‘grupos terroristas’.
O Senado da Argentina aprovou um amplo projeto de lei que é fundamental para os planos de reforma econômica do presidente Javier Milei, nesta quarta-feira (12). Houve empate na votação, e coube ao vice-presidente argentino, que comandou o Senado, aprovar o projeto.
Em termos gerais, a “Lei de Bases” dá poderes especiais ao governo por meio de um decreto de estado de emergência pública. Além disso, o texto propõe a privatização de alguns estatais.
Para que a aprovação aconteça, o governo precisa negociar com os senadores e fazer uma série de mudanças no texto, renunciando a alguns pontos. Veja detalhes mais abaixo.
Logo após a aprovação, o gabinete do presidente Javier Milei publicou uma nota comemorando a decisão do Senado, afirmando que houve um triunfo do povo argentino.
Ainda no comunicado, o gabinete presidencial disse esperar seguir contando com o Senado para “deixar para trás as políticas de fracasso e miséria, e reinserir a República da Argentina no caminho da prosperidade e do crescimento”.
Mais cedo, do lado dos fóruns do Congresso, houve protestos contra a proposta de mudanças. A polícia prendeu uma pessoa e jogou gás contra os manifestantes, que responderam jogando pedras e coquetéis molotov contra os agentes. Eles também viraram um carro de uma estação de rádio e colocaram fogo no veículo.
Segundo o jornal “Clárin”, após a aprovação, um grupo de manifestantes voltou a jogar pedras e garrafas contra forças de segurança que estavam em frente ao Congresso.
Em uma rede social, o gabinete de Milei parabenizou as forças de segurança “pela sua excelente ação reprimindo grupos terroristas com paus, pedras e até granadas que conseguiram dar um golpe de Estado, atentando contra o funcionamento do Congresso”.
gabinete de Milei
Longo debate
O debate em torno do projeto durou mais de 11 horas no Senado. Em um primeiro momento, houve uma aprovação por maioria simples, pelo placar de 37 a 35. No entanto, a votação precisou ser refeita, já que uma senadora alegou que havia marcado a opção errada.
Na segunda rodada, houve empate pelo placar de 36 a 36. Sendo assim, conforme manda a lei argentina, a vice-presidente Victoria Villarruel deu o voto de minerva, aprovando o texto.
O principal bloco de esquerda de oposição dos peronistas votou contra a chamada “Lei Bases” e um pacote fiscal separado. O principal projeto inclui planos para privatizar empresas públicas, conceder poderes especiais ao presidente e estimular investimentos.
O texto passou pela Câmara dos Deputados no fim de abril, depois que o governo fez mudanças para agradar os legisladores (uma versão anterior, mais radical, não foi aprovada).
O governo Milei tem apenas uma pequena minoria nas duas Casas e, por isso, precisou negociar para atrair aliados eventuais. Os governistas sabiam que o projeto seria modificado, mas trabalharam para conseguir uma aprovação geral, pois a rejeição completa seria um golpe forte contra a Casa Rosada.
Para o Executivo argentino, a Lei de Bases é a chave para desfazer uma grande crise econômica herdada das gestões anteriores.
Fonte G1