Imigrantes e refugiados venezuelanos que residem no Brasil protocolaram, nesta segunda-feira (12), um ofício à Comissão de Relações Internacionais e Defesa do Senado, presidida pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O documento, obtido pelo Epoch Times Brasil, solicita ao Legislativo que intensifique a pressão sobre o Executivo para obter uma posição clara sobre as eleições na Venezuela.
O ofício foi assinado por 13 organizações espalhadas por diversos estados brasileiros, que fazem parte da Rede de Venezuelanos no Brasil (Redeven).
William Clavijo Vitto, presidente da organização Venezuela Global no Rio de Janeiro, explicou ao Epoch Times Brasil que a decisão de enviar o ofício ao Congresso brasileiro visa fortalecer a pressão internacional pela recuperação da democracia em seu país.
“Nosso pedido é muito claro: que o Brasil continue exercendo liderança na região e busque uma solução para que a autoridade eleitoral da Venezuela entregue as atas e permita uma auditoria internacional e imparcial do processo”, disse Vitto.
“Convidamos os senadores a assumir a responsabilidade de pressionar o responsável pela política externa brasileira para maior transparência em seu posicionamento”, acrescentou. “Também solicitamos aos senadores que articulem com parlamentos de outros países para apoiar nossa reivindicação por democracia e direitos humanos na Venezuela.”
Liberação de Presos Políticos
Além da divulgação das atas eleitorais pelo governo de Nicolás Maduro, a Redeven pediu a proteção dos direitos humanos e a liberação de mais de 1.300 presos políticos, conforme dados da ONG Foro Penal.
“Hoje, o mundo tem mais clareza sobre a causa da crise política e dos direitos humanos na Venezuela”, destacou Vitto.
A Comissão de Relações Internacionais e Defesa do Senado é composta por 13 senadores. Além de Renan Calheiros, os membros são: Marcos do Val (Podemos-ES), Sérgio Moro (União-PR), Randolfe Rodrigues (PT-AP), Fernando Dueire (MDB-PE), Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), Professora Dorinha Seabra (União-TO), Ivete da Silveira (MDB-SC), André Amaral (União-PB), Alessandro Vieira (MDB-SE), Carlos Viana (Podemos-MG), Izalci Lucas (PL-DF) e Cid Gomes (PSB-CE), que é o vice-presidente do grupo.
“Ainda estamos aguardando um parecer dos senadores”, disse Vitto. “Queremos que a causa da Venezuela no Brasil seja apoiada por todos os setores e não apenas por um grupo específico.”
Brasil, o Terceiro Maior Destino de Venezuelanos no Mundo
Com 568.100 venezuelanos vivendo no país, o Brasil é o terceiro maior destino para esses imigrantes e refugiados do regime comunista, atrás da Colômbia, com 2 milhões e 860 mil, e do Peru, com 1 milhão e 540 mil. Vitto explicou que o objetivo deles é fazer com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adote uma posição mais firme sobre a crise na Venezuela. Eles acreditam que uma postura clara do governo brasileiro conferiria maior credibilidade ao Brasil.
“O Brasil deve desempenhar um papel negociador no processo, por isso, entendemos que não pode atacar o governo Maduro apenas com base nas evidências de fraude eleitoral e violação dos direitos humanos”, ponderou Vitto.
“Mas, como venezuelanos, também não podemos permitir que a verdade não seja dita”, acrescentou. “Uma coisa é manter uma posição minimamente neutra; outra é ouvir o presidente [Lula] afirmar que confia nas instituições venezuelanas para resolver o conflito político, quando sabemos que o regime Maduro manipula o Poder Judiciário para impor sua vontade e ignorar a vontade popular.”
“Não é Ditadura”, Diz Lula
A declaração de Lula na tarde desta sexta-feira (16), durante uma entrevista à Rádio Gaúcha em Porto Alegre (RS), não foi bem recebida pelos imigrantes e refugiados. O líder petista afirmou que o regime de Maduro é “autoritário”, mas não é uma “ditadura”.
“Tem nariz de leão, boca de leão, patas de leão, mas ‘não é leão’”, ironizou Vitto.
fonte:epochtimesbrasil