As Ilhas do Pacífico estão fortalecendo seu engajamento com os Estados Unidos e firmando um acordo de segurança com a Austrália, em resposta à crescente influência da China comunista na região.
“Como uma nação do Pacífico, os Estados Unidos têm um interesse claro e duradouro em colaborar com seus vizinhos do Pacífico para avançar em uma agenda compartilhada: enfrentar a crise climática, manter rotas navegáveis pacíficas e defender a liberdade de navegação, promover o desenvolvimento e o crescimento econômico”, afirmou uma declaração da Casa Branca durante a 53ª Reunião de Líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF) em Nuku’alofa, Tonga.
A China tem intensificado seus esforços para estabelecer parcerias de segurança com os países das Ilhas do Pacífico como parte de sua estratégia para ampliar sua influência no Indo-Pacífico. Este movimento visa controlar rotas marítimas essenciais, acessar recursos e obter uma vantagem geopolítica sobre as potências ocidentais, especialmente os Estados Unidos.
Desde o final da década de 2010, o Partido Comunista Chinês (PCCh) tem se concentrado na assinatura de acordos que permitem treinamento policial, intercâmbios militares e desenvolvimento de infraestrutura sob o pretexto de cooperação.
Em 2022, Pequim propôs um abrangente pacto de segurança e economia com 10 nações do Pacífico, conhecido como Visão Comum de Desenvolvimento China-Países das Ilhas do Pacífico. O plano previa cooperação em aplicação da lei, cibersegurança e vigilância marinha. No entanto, alguns líderes do Pacífico manifestaram resistência, citando preocupações com a soberania e o aprofundamento dos laços com Pequim. Apesar disso, as Ilhas Salomão e Kiribati assinaram acordos bilaterais envolvendo forças de segurança chinesas para aplicação da lei local e projetos de infraestrutura. Esses movimentos alarmaram a Austrália, a Nova Zelândia e os Estados Unidos, que percebem as ações da China como uma ameaça direta à sua influência e estabilidade regional.
A Parceria EUA-Ilhas do Pacífico foi o tema central da 53ª Reunião de Líderes do Fórum das Ilhas do Pacífico (PIF), realizada de 26 a 30 de agosto na capital de Tonga. O fórum reuniu líderes da região e representantes dos EUA para fortalecer os laços e enfrentar desafios regionais. A reunião teve como objetivo reforçar as relações EUA-Ilhas do Pacífico, aprimorando a cooperação em segurança e desenvolvimento econômico. Com as crescentes preocupações sobre a influência do PCCh, Washington procurou reafirmar seu compromisso com um Indo-Pacífico livre e aberto, oferecendo alternativas às investidas chinesas.
Questões centrais do fórum incluíram a mudança climática, a segurança marítima e o desenvolvimento sustentável. Os Estados Unidos prometeram milhões para melhorar a resiliência climática e a preparação para desastres. Um resultado significativo foi a aprovação dos Princípios de Infraestrutura de Qualidade do Pacífico, que visam maximizar os benefícios locais e integrar considerações sociais e ambientais.
Os países das Ilhas do Pacífico também apoiaram um plano de segurança regional em colaboração com a Austrália, focado em desafios tradicionais e não tradicionais de segurança. Central neste plano está a criação de uma força policial multinacional a ser mobilizada durante grandes eventos ou crises. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, descreveu isso como uma “iniciativa liderada pelo Pacífico” que sublinha o compromisso coletivo da região com a autossuficiência em segurança.
O plano inclui o estabelecimento de até quatro centros de treinamento policial no Pacífico, a formação de unidades policiais multinacionais e o fornecimento de um contingente pronto de oficiais treinados para diversas necessidades regionais. Inicialmente, o programa consistirá em 200 oficiais de diferentes nações treinados em alívio de desastres e emergências.
Para apoiar essa iniciativa, o governo australiano comprometeu aproximadamente 400 milhões de dólares em financiamento ao longo de cinco anos, cobrindo os custos de infraestrutura e o estabelecimento de um centro de desenvolvimento e coordenação policial em Brisbane. Este centro oferecerá aos oficiais de polícia do Pacífico acesso às instalações da Polícia Federal Australiana para treinamento e preparação para missões.
No entanto, a proposta enfrentou preocupações de última hora de algumas nações do Pacífico, particularmente Vanuatu e as Ilhas Salomão, que já possuem acordos policiais com Pequim. Contingentes e treinadores policiais da China regularmente visitam esses dois países, fornecendo treinamento e entregando ajuda, como novos veículos e equipamentos policiais.
O primeiro-ministro de Vanuatu, Charlot Salwai, expressou receio de que o plano possa priorizar os interesses estratégicos ocidentais em detrimento das necessidades das nações do Pacífico.
Salwai destacou a importância de adaptar a iniciativa aos propósitos regionais, em vez de usá-la como uma ferramenta de exclusão geopolítica, referindo-se implicitamente às preocupações sobre a marginalização da China. O diplomata das Ilhas Salomão, Colin Beck, indicou que precisaria retornar ao seu país e discutir o assunto com o governo antes que qualquer acordo pudesse ser formalizado.
O PIF ocorreu poucas semanas após a 10ª Reunião de Líderes das Ilhas do Pacífico em Tóquio, onde o Japão assinou acordos ampliados de segurança, comércio e ajuda com líderes regionais. Essas iniciativas são particularmente significativas, dada a crescente influência da China no Pacífico, onde tem sido um importante credor de infraestrutura e está cada vez mais buscando influência em questões militares e policiais.
O plano de segurança da Austrália visa reduzir a dependência das nações das Ilhas do Pacífico em relação à China para policiamento e segurança, uma preocupação intensificada pela presença policial existente da China em países como as Ilhas Salomão e Kiribati. O apoio dos líderes do Pacífico a esse plano destaca uma preferência por soluções regionais que priorizem a soberania e a estabilidade do Pacífico, reforçando a estratégia mais ampla de manter um Indo-Pacífico livre e aberto diante da crescente influência do PCCh.
fonte:epochtimesbrasil