Na última terça-feira, Ronnie Lessa, um dos réus no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, prestou depoimento por videoconferência a partir da Penitenciária de Tremembé, em São Paulo. Atualmente em prisão preventiva, Lessa, um assassino de aluguel, forneceu detalhes sobre sua participação no crime.
Durante o depoimento, Lessa afirmou que a promessa de uma grande recompensa financeira foi a principal razão para sua participação no atentado. Ele revelou que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, acusados de serem os mandantes do assassinato, lhe ofereceram R$ 25 milhões como pagamento, divididos em parcelas provenientes de um empreendimento imobiliário na zona oeste do Rio de Janeiro. “Era uma oportunidade para ficar rico”, declarou Lessa.
O depoimento de Lessa está em consonância com sua colaboração premiada anterior com a Polícia Federal. Ele detalhou que sua motivação para o crime foi a “ganância” e a “ilusão” em relação aos R$ 25 milhões prometidos. “Eu estava deslumbrado, completamente cego pelo dinheiro que ia ganhar”, afirmou.
Lessa mencionou que não tinha dúvidas sobre a proposta inicial e explicou que os terrenos prometidos, situados entre Jacarepaguá e Praça Seca, eram conhecidos como Medelín I e II, em referência à cidade colombiana.
De acordo com Lessa, o plano incluía a grilagem desses terrenos e a formação de uma milícia que seria liderada por ele e pelo seu parceiro, o policial militar reformado Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como “Macalé”. Grilagem é uma prática criminosa que envolve a invasão, ocupação e obtenção ilegal de terras públicas sem autorização do órgão competente. A milícia teria como objetivo explorar serviços como internet e transporte na região.
Lessa admitiu que, após receber o pagamento, planejava fugir e abandonar todos os envolvidos no esquema. “Depois que eu tivesse com os meus R$ 25 milhões, eu iria abandonar todos. Não iria cuidar de nada”, alegou.
Juiz Retirou Irmãos Brazão do Depoimento Virtual
Durante a audiência, Lessa solicitou que Domingos e Chiquinho Brazão fossem removidos da sala virtual, o que foi autorizado pelo juiz Airton Vieira, auxiliar do Supremo Tribunal Federal (STF). Vieira é o mesmo juiz cujos diálogos com o perito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Eduardo Tagliaferro, foram divulgados em reportagens na Folha de São Paulo, publicadas em agosto deste ano.
O promotor de Justiça Olavo Evangelista Pezzotti foi o primeiro a interrogar Lessa. Ele revisitou os anexos da delação de Lessa e detalhou a reunião na qual recebeu a proposta. “Foi o Domingos quem me mencionou o nome de Marielle Franco. O Chiquinho apenas concordava, parecia assustado”, descreveu Lessa.
O réu também reiterou que o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, esteve envolvido no planejamento do crime e deu a ordem para não matar a vereadora durante o trajeto da Câmara de Vereadores. “As polícias no Rio de Janeiro estão contaminadas há décadas”, afirmou o matador de aluguel.
Rivaldo Barbosa, Domingos Brazão e Chiquinho Brazão negam qualquer envolvimento no assassinato e serão ouvidos no processo.
fonte:epochtimesbrasil