A recente visita do assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, a Pequim teve como propósito evitar que a China se beneficie da possível vulnerabilidade dos Estados Unidos em meio a conflitos na Europa e no Oriente Médio, além de uma eleição presidencial iminente em novembro, conforme apontado por especialistas.
No final de sua viagem, que ocorreu de 27 a 29 de agosto, Sullivan afirmou aos repórteres: “A China entende que as eleições e transições são períodos sensíveis, e a administração responsável durante esses momentos é crucial. Minha visita aqui ajuda a garantir uma gestão responsável durante esse período delicado que se aproxima.”
Shi Shan, especialista em China, comentou que “Sullivan transmitiu sua mensagem de ‘não’ a Pequim pessoalmente”. Após o ataque do Hamas a Israel no ano passado, o presidente Joe Biden havia advertido firmemente qualquer país ou organização que pudesse tentar explorar a situação.
Os Estados Unidos e a China concordaram em organizar uma ligação entre Biden e Xi Jinping ainda este ano. Sullivan também sugeriu que encontros presenciais entre os líderes possam ocorrer, considerando que ambos deverão participar do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico de 2024 no Peru e da cúpula do G20 no Brasil, ambos previstos para novembro.
Shi, que também contribui para a edição chinesa do Epoch Times e apresenta o programa “Pinnacle View” na NTD News, ressaltou que estabelecer contato entre os comandantes do Comando Indo-Pacífico dos EUA e do Comando do Teatro Sul da China é um avanço significativo para Sullivan. Esses canais de comunicação direta, especialmente à medida que as tensões aumentam nos mares do Sul e do Leste da China, podem ajudar a prevenir escaladas rápidas e evitar conflitos maiores.
Sullivan considerou a comunicação entre os comandantes como “um resultado muito positivo”. Em janeiro, o Pentágono retomou as conversas militares sêniores com a China, interrompidas desde setembro de 2021. A reunião presencial entre Biden e Xi na Califórnia no ano passado reabriu esses canais bilaterais.
Aumento da Instabilidade
Durante sua visita, Sullivan encontrou-se com altos líderes do Partido Comunista Chinês (PCCh), incluindo Xi Jinping, o vice-presidente da Comissão Militar Central, general Zhang Youxia, e o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. Essa visita ocorreu enquanto o PCCh intensificava suas ações contra as Filipinas e o Japão.
Em 25 de agosto, um navio de reabastecimento das Filipinas interrompeu sua missão após falha no motor, após ser atacado pela guarda costeira chinesa. No dia seguinte, um avião militar chinês violou o espaço aéreo japonês pela primeira vez, conforme o Ministério da Defesa do Japão.
Na coletiva de imprensa de 29 de agosto, Sullivan reafirmou que as embarcações e aeronaves filipinas estão protegidas pelo tratado de defesa mútua entre os EUA e as Filipinas, que obriga os Estados Unidos a responder a um ataque armado contra o país.
As reuniões abordaram a estabilidade regional e os riscos de nova escalada. Sullivan alertou que o apoio contínuo da China ao setor de defesa da Rússia impacta a segurança europeia e transatlântica. Uma semana antes, o primeiro-ministro chinês Li Qiang havia visitado a Rússia, prometendo fortalecer a “cooperação prática completa” entre os dois países.
Em sua cúpula anual em Washington em julho, a OTAN declarou que a China é um “facilitador decisivo” da Rússia na guerra da Ucrânia, devido ao seu “apoio em larga escala” à base industrial de defesa russa.
Soluções Temporárias
Ping-Kuei Chen, professor de diplomacia da Universidade Nacional Chengchi de Taiwan, e Arthur Ding, professor do Instituto de Pós-Graduação de Estudos do Leste Asiático da mesma universidade, afirmaram que a visita de Sullivan resultou em progressos técnicos e temporários. Chen observou que, apesar do avanço na comunicação, Pequim não viu razão para alterar seu comportamento.
Chen destacou que, embora a comunicação militar possa reduzir tensões, as diferenças fundamentais entre os objetivos do PCCh e dos EUA permanecem, e essas tensões provavelmente persistirão. Ding acrescentou que a visita de Sullivan visa evitar novos conflitos antes da posse do próximo presidente dos EUA e que a eficácia dos novos canais militares ainda precisa ser avaliada.
Entretanto, Ding acredita que, devido à visita de Sullivan, é “improvável que o PCCh tome ações agressivas” antes da mudança de governo nos Estados Unidos.
fonte:epochtimesbrasil