Neste último domingo (4), o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que está considerando convocar o comitê de emergência da entidade para avaliar o surto da “VARÍOLA DOS MACACOS”, a MONKEYPOX na África.
“Com a disseminação de uma variante mais letal da mpox em vários países africanos, a OMS, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África, governos locais e parceiros estão intensificando seus esforços para interromper a transmissão da doença”, informou Tedros Adhanom em uma publicação na rede social X.
“Estou avaliando a possibilidade de convocar o Comitê de Emergência de Regulamentos Sanitários para me aconselhar sobre a necessidade de declarar o surto de mpox uma emergência em saúde pública de interesse internacional”, acrescentou Tedros.
Entenda
A doença circula desde 1970 e ocorreu principalmente em áreas de floresta tropical da África Central e Ocidental. Foi declarada emergência depois que casos começaram a surgir na Europa, América do Norte e outros lugares, principalmente entre homens gays e bissexuais.
A varíola M não tem associação a nenhum grupo específico e pode atingir qualquer pessoa, de qualquer etnia e idade.
No final de junho, a OMS alertou sobre uma variante mais perigosa da mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos. De acordo com a entidade, a República Democrática do Congo tem enfrentado um surto da doença desde 2022, e a alta transmissão do vírus entre humanos levou a uma mutação até então desconhecida.
Dados da OMS indicam que a taxa de letalidade da nova variante 1b na África Central pode superar 10% entre crianças pequenas, enquanto a variante 2b, responsável pela epidemia global de mpox em 2022, teve uma taxa de letalidade inferior a 1%. Em junho, a entidade registrava mais de 95 mil casos confirmados da doença em 117 países, além de mais de 200 mortes.
“É um número impressionante considerando que até então apenas alguns milhares de casos de mpox haviam sido relatados mundialmente, e agora estamos nos aproximando de 100 mil casos”, observou Rosamund Lewis, líder técnica sobre varíola dos macacos do Programa de Emergências Globais da OMS.
Lewis também destacou um surto específico registrado desde setembro de 2023 no leste da República Democrática do Congo, na província de Kivu do Sul. Esse surto é causado por uma cepa de mpox com mutações não documentadas anteriormente. “Essas mutações sugerem que o vírus tem sido transmitido exclusivamente de humano para humano”, afirmou.
A doença
A mpox é uma doença viral zoonótica. A transmissão para humanos pode ocorrer por contato com animais silvestres infectados, pessoas contaminadas ou materiais contaminados. Os sintomas incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e fraqueza.
De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, o período de incubação da doença, que é o intervalo entre o contato inicial com o vírus e o surgimento dos sintomas, varia de 3 a 16 dias, podendo chegar a 21 dias. Após o desaparecimento das crostas na pele, a pessoa infectada deixa de transmitir o vírus. As erupções geralmente surgem de um a três dias após o início da febre, mas podem aparecer antes.
As lesões podem ser planas ou ligeiramente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado, formando crostas que secam e caem. O número de lesões pode variar de algumas a milhares, e elas costumam se concentrar no rosto, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas podem aparecer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, olhos, órgãos genitais e ânus.
Emergência
Em maio de 2023, quase uma semana após atualizar o status da covid-19, a OMS declarou que a mpox também não configurava mais uma emergência em saúde pública de importância internacional. Em julho de 2022, a entidade havia declarado uma emergência devido ao surto da doença em diversos países.
“Assim como no caso da covid-19, o fim da emergência não significa que o trabalho tenha terminado. A mpox continua a representar desafios significativos para a saúde pública que exigem uma resposta robusta, proativa e sustentável”, afirmou na época Tedros Adhanom.
“Os casos relacionados a viagens, registrados em todas as regiões, demonstram a ameaça contínua. Existe um risco, em particular, para pessoas com infecção por HIV não tratada. É crucial que os países mantenham sua capacidade de teste e seus esforços, avaliem os riscos, quantifiquem as necessidades de resposta e ajam rapidamente quando necessário”, alertou Tedros em 2023.