Em meio a uma epidemia de dengue que já resultou em mais de 400 mortes no Distrito Federal em 2024, a falta de pessoal para combater o mosquito transmissor se torna uma grave preocupação. O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) alerta para a ausência de 930 novos agentes que deveriam ter sido nomeados para atuar na linha de frente contra a doença. Além disso, 532 servidores cedidos pela União ao governo local não estão sendo aproveitados adequadamente, o que prejudica o controle da epidemia.
O TCDF solicitou à Secretaria de Saúde um cronograma detalhado para a nomeação dos novos agentes. De acordo com uma auditoria do Ministério Público de Contas (MPC-DF), a pasta deixou de nomear 930 candidatos aprovados no último concurso para agentes de vigilância ambiental (AVAs) e agentes comunitários de saúde (ACSs), agravando o déficit de profissionais na área.
A situação se complica pelo uso de servidores transferidos do Ministério da Saúde, muitos dos quais são idosos e não estão aptos a realizar atividades de campo. A procuradora Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira destacou que isso cria uma falsa impressão de que há agentes suficientes, quando na verdade a força de trabalho está severamente comprometida.
O relatório do TCDF aponta que o DF conta com 532 servidores requisitados do Ministério da Saúde, cuja devolução precisa ser cuidadosamente coordenada para evitar impactos negativos nas atividades de vigilância e combate a endemias. O relator do processo, conselheiro Renato Rainha, enfatizou a necessidade de um cronograma claro para a devolução desses servidores ao governo federal.
Entre janeiro e julho de 2024, a dengue já causou 420 mortes no Distrito Federal, um aumento alarmante de 1.726% em relação ao mesmo período de 2023. A crise é atribuída a falhas na prevenção, no tratamento e às mudanças climáticas. A rede pública de saúde enfrenta um déficit de 4 mil agentes, responsáveis pelo combate direto à proliferação do mosquito.
O epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB), Wildo Navegantes, critica a falta de planejamento e preparação das autoridades. Ele destaca que as mortes por dengue poderiam ter sido evitadas com acesso adequado a tratamento e estrutura de saúde, reforçando que as medidas precisam ser tomadas antes da chegada das chuvas para evitar novas tragédias.
Fonte: metropoles