O candidato a vice-presidente Tim Walz pode estar utilizando sua relação com um adversário para alcançar uma significativa vitória estratégica para os Estados Unidos: a democratização da China. Governador de Minnesota e com vasta experiência em questões relacionadas à China, Walz tem um histórico de críticas e engajamento com a situação dos direitos humanos no país.
Walz visitou a China cerca de 30 vezes e, após sua eleição para o Congresso em 2006, integrou a Comissão Executiva do Congresso sobre a China, onde atuou até 2018. Durante esse período, Walz não apenas buscou promover o diálogo construtivo com o regime chinês, mas também fez críticas contundentes, incluindo, recentemente, ao apoiar a Rússia na guerra contra a Ucrânia.
A comissão sobre a China, da qual Walz fez parte, é conhecida por suas críticas aos abusos dos direitos humanos na China, incluindo a repressão contra o Falun Gong, tibetanos e uigures. Dois anos após ingressar na comissão, Walz afirmou que o regime chinês estava cometendo “culturacídio” contra tibetanos e uigures, embora a situação poderia ter sido descrita como genocídio, incluindo o tratamento ao Falun Gong. Walz também poderia ter expressado um apoio mais robusto a Taiwan ao longo dos anos.
Walz escreveu sua tese de mestrado sobre genocídio e incentivou seus alunos do ensino médio, enquanto era professor, a refletirem sobre questões complexas relacionadas ao tema, como a razão pela qual regimes realizam limpeza étnica. Ele também merece reconhecimento por seu apoio a grupos na China alvos de erradicação cultural promovida pelo Partido Comunista Chinês (PCCh), como o Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa.
Apoio ao Falun Gong e Outros
O apoio ao Falun Gong é um indicador crucial da postura contra o PCCh. Com dezenas de milhões de membros globalmente, o Falun Gong tem sido um crítico persistente do PCCh desde que o partido iniciou a repressão dessa prática espiritual em 1999. As políticas do PCCh, que incluem agressão territorial e genocídio contra o próprio povo chinês, contrastam com os princípios fundamentais do Falun Gong: verdade, compaixão e tolerância.
Outro aspecto relevante é o apoio ao líder espiritual tibetano, o Dalai Lama. Walz encontrou-se com o Dalai Lama várias vezes, incluindo em 2016, descrevendo o encontro como “transformador”. Walz patrocinou várias resoluções em apoio aos tibetanos e defensores dos direitos humanos e se opôs à censura sobre o massacre da Praça da Paz Celestial. Ele foi o único co-patrocinador democrata do Ato de Direitos Humanos e Democracia de Hong Kong em 2017 e, no ano anterior, afirmou que os EUA deveriam adotar uma posição firme contra a apropriação do Mar do Sul da China por Pequim.
Em 2012, como membro do Congresso, Walz participou de uma audiência sobre a repressão ao Falun Gong, incluindo a extração forçada de órgãos. Três anos depois, co-patrocinou um projeto de lei contra a extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong, destacando relatos persistentes de colheita sistemática de órgãos na China.
Como governador de Minnesota desde 2019, Walz começou a celebrar o Dia do Falun Dafa anualmente e, mais recentemente, em maio de 2024, emitiu um certificado de reconhecimento aos líderes e praticantes do Falun Dafa por seu compromisso com o serviço e engajamento cultural.
Professor de Ensino Médio na China
A China comunista sempre foi um tema controverso para Walz, começando antes mesmo de sua primeira visita ao país. Após concluir sua graduação, ele foi para a Província de Guangdong para ensinar inglês entre 1989 e 1990. Durante uma passagem por Hong Kong, o massacre na Praça da Paz Celestial ocorreu, levando alguns colegas a desistirem da viagem por razões morais. Walz, no entanto, decidiu continuar para Guangdong, buscando engajar-se na diplomacia “povo a povo” e mostrar aos chineses que os americanos estavam lá por eles. Esse processo lhe trouxe uma compreensão mais profunda sobre o impacto da falta de “liderança adequada”, a qual identificou como o PCCh.
Ao retornar, Walz observou que os chineses o trataram bem, mas estavam prejudicados pela falta de liderança apropriada. Ele desenvolveu uma abordagem de diálogo respeitoso combinada com crítica honesta. Apesar de algumas críticas por seu partidarismo, como a resistência às políticas comerciais rígidas de Trump contra a China, Walz continua a defender um engajamento crítico com o país.
Desvio do Conflito
Em 2016, Walz declarou que os EUA e a China não precisavam manter um “relacionamento adversarial”, o que gerou críticas devido à crescente influência da China em várias áreas. Contudo, ele também afirmou que a China não se abriu socialmente nem melhorou seus direitos humanos por meio do engajamento comercial.
Walz segue um modelo de tentar reformar adversários por meio da amizade, similar ao que o presidente Ronald Reagan fez com Mikhail Gorbachev. Se Walz quiser alcançar uma grande vitória estratégica para os EUA, como a democratização da China, ele precisará apoiar mais os gastos militares do que fez anteriormente. O poder militar, infelizmente, é necessário para tornar a diplomacia verdadeiramente eficaz.
Fonte: epochtimesbrasil