A União Europeia está elaborando novas diretrizes para subsídios ao hidrogênio com o objetivo de proteger os produtores europeus da competição “desleal” vinda da China, conforme revelou Wopke Hoekstra, comissário para ação climática do bloco, na segunda-feira.
Hoekstra fez o anúncio durante a abertura do ano acadêmico na Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda. Este movimento segue uma solicitação de fabricantes europeus de eletrolisadores — dispositivos que produzem hidrogênio de baixa emissão — para estabelecer critérios de produção europeia no segundo leilão de subsídios do Banco Europeu de Hidrogênio, programado para o final deste ano.
Além disso, o setor alertou que o mercado de hidrogênio da UE pode perder competitividade frente às empresas chinesas, que já dominam globalmente o setor de energia solar. Hoekstra considerou “inaceitável” que a China esteja “desestabilizando” a economia da UE e aumentando a dependência do bloco através de subsídios massivos em setores como o solar, prometendo restaurar o equilíbrio.
O comissário indicou que a Comissão Europeia proporá novas regras para o próximo leilão ainda este mês, destacando que, apesar da boa presença dos eletrolisadores europeus no primeiro leilão, a China está oferecendo esses dispositivos em excesso e a preços cada vez mais baixos. “Garantirei que o próximo leilão tenha critérios claros para promover cadeias de suprimento de eletrolisadores europeus”, afirmou.
Hoekstra também sugeriu que os requisitos de segurança de dados poderiam ser incorporados às regras de subsídio da UE, mencionando preocupações com regimes de proteção de dados mais fracos fora da UE, como a legislação chinesa que obriga empresas a fornecer informações ao governo. “Se não pudermos garantir a segurança cibernética e a proteção de dados europeus, essas empresas não receberão apoio”, declarou.
Os eletrolisadores são equipamentos que utilizam eletricidade para dividir a água e produzir hidrogênio de baixa emissão, em contraste com os métodos tradicionais que dependem de combustíveis fósseis.
A Comissão Europeia relatou que o hidrogênio representou menos de 2% do consumo energético da Europa em 2022, com 96% desse hidrogênio sendo produzido a partir de gás natural. Como parte da meta da UE de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 55% até 2030, a comissão estabeleceu uma meta de produzir e importar 10 milhões de toneladas métricas de hidrogênio verde até 2030. Contudo, a PwC alertou em abril sobre uma “lacuna significativa” entre a capacidade planejada globalmente (840 gigawatts [GW]) e a capacidade dos projetos em fases avançadas (15 GW).
No leilão piloto da UE, realizado entre novembro de 2023 e fevereiro de 2024, Bruxelas concedeu 720 milhões de euros (US$797 milhões) a sete projetos de hidrogênio selecionados entre 132 propostas de 17 países europeus.
A Agência Internacional de Energia informou que a China lidera em capacidade de fabricação e eletrolisadores, representando 40% da capacidade global. Em janeiro, a associação alemã de tecnologia VDE, membro da Hydrogen Europe, afirmou que a China “já havia assumido a liderança” na tecnologia de eletrólise, alertando que o desenvolvimento observado na Alemanha em setores como fotovoltaicos e baterias de íon-lítio poderia se repetir.
fonte:epochtimesbrasil