As eleições para presidência dos Estados Unidos são usualmente decididas nos chamados swing states (estados-pêndulos, em português), aqueles que não têm um partido definido, ou seja, eles variam de eleição para eleição e, por isso, são os principais alvos dos candidatos, já que garantem o número de delegados diferencial para o postulante levar a eleição.
Segundo pesquisa divulgada pelo New York Times e Siena College, nesse sábado (10/8), Kamala Harris está a frente de Donald Trump em três dos seis estados-pêndulos. Entenda o que deu essa vantagem à candidata democrata.
Kamala lidera nos estados de Wisconsin, Pensilvânia e Michigan, com quatro pontos percentuais à frente do ex-presidente. A vice-presidente aparece com 50% das intenções de votos, enquanto Trump aparece com 46% entre os quase 2 mil prováveis eleitores.
Em pesquisa anterior ao ingresso de Kamala na corrida eleitoral, quando o presidente Joe Biden ainda era o oponente de Trump, o ex-presidente liderava em cinco dos seis “swing states”. Os democratas estavam na frente apenas em Nevada.
O especialista em política dos Estados Unidos Emanuel de Assis explica que a liderança recente de Kamala é um reflexo das “escolhas acertadas do partido democrata nos últimos dias, nas últimas semanas, na verdade. A começar pela própria retirada da candidatura do Biden, que gerou um movimento muito favorável para o partido, e reverteu, de alguma maneira, a desaprovação, a impopularidade da campanha. E um segundo movimento acertado foi a escolha do vice Tim Walsh, pois mostrou que o partido tem escutado a sua base”.
Energia
Assis destaca que “Kamala e Tim têm uma energia de campanha muito mais viva e muito mais popular do que a de Biden, do que a campanha do Biden representava. Eles conseguem agitar mais as massas, a base do eleitorado democrata e do eleitorado geral nos Estados Unidos. Eles conseguem discursar melhor, transmitir mais carisma e mais confiança, de alguma maneira, no discurso mais firme, mais direcionado, mais bem conduzido. Eles conseguem agitar melhor a base que precisam para ganhar as eleições”.
Em relação à queda de Trump na pesquisa, o internacionalista explica que “ele sumiu na mídia nas últimas semanas, tem tentado a todo custo atacar a Kamala com fake news, inclusive a última acusação dele foi de que as fotos do comício foram geradas por inteligência artificial, que não tinha tanta gente assim”.
“Isso sinaliza que ele está bem perdido, na verdade. Ele não esperava que a nomeação dela e a escolha do vice dela, que é um vice bem popular, principalmente com a base progressista do partido, ele não esperava que isso fosse ser tão popular entre o eleitorado e angariar tanta movimentação. De alguma maneira, com o Biden, ele já se considerava o próximo presidente dos Estados Unidos e, agora, não é bem assim.”
O internacionalista diz não saber sinalizar qual a estratégia será adotada por Trump de agora em diante, mas adianta que os ataques vão continuar. “O que dá para perceber é que, por enquanto, é o mesmo de sempre. Ataques, alguns até a nível pessoal, mentiras, fake news e uma agitação populista para sua base mais radical, principalmente nas redes sociais, mas que, por enquanto, não têm surtido tanto efeito em desmobilizar ou desqualificar a campanha da Kamala”, diz.
Assis afirma que o grande diferencial da chapa Harris-Walz em relação a Biden-Harris são as pautas progressistas que ambos encarnam.
“A boa aceitação que Walz teve com a base democrata se deve, principalmente, ao fato de que ele é uma figura progressista no partido, que tem tido um governo progressista com aprovação de algumas leis bem importantes, como a questão da merenda escolar para todas as crianças e políticas de energia renovável bem alinhadas com a questão climática. É uma figura popular na base progressista do partido que tem se mostrado maioria no partido nos últimos anos”, destaca Assis.
“Atualmente, a base progressista do partido é fundamental para produzir a campanha democrata, porque eles têm uma energia de campanha, conseguem movimentar a base jovem, a base negra, a base de mulheres, de minorias, LGBTs. Enfim, dentro do partido que os moderados e o eleitorado mais velho não conseguem. E a Kamala precisa muito dessa movimentação para ganhar campanha, então a nomeação dele foi muito inteligente nesse sentido, é um nome muito popular na base progressista e também tem uma boa aceitação no eleitorado geral, no contexto geral do eleitorado norte-americano também, não é um nome que tem rejeição ou impopularidade”, conclui o especialista.
Fonte: metropoles