O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, levantou, nesta quarta-feira, a dúvida sobre o “verdadeiro interesse” do Brasil e da China em buscar um fim para a guerra entre seu país e a Rússia. Durante discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ele enfatizou que essas nações “não devem ampliar seu poder à custa da Ucrânia”.
A invasão da Rússia à Ucrânia ocorreu em fevereiro de 2022. Nove meses depois, Zelenskiy apresentou um plano de paz de dez pontos com o objetivo de encerrar o conflito, fundamentado na Carta da ONU e no direito internacional, mas Moscou rejeitou a proposta.
“A fórmula de paz existe há dois anos e talvez alguns queiram um Prêmio Nobel para sua biografia política, buscando uma trégua congelada em vez de uma paz genuína. No entanto, os únicos prêmios que Putin oferecerá em troca são mais sofrimento e desastres”, afirmou Zelenskiy à assembleia de 193 países, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin.
“Quando algumas pessoas sugerem alternativas ou acordos sem convicção, esses chamados conjuntos de princípios não apenas ignoram os interesses e o sofrimento dos ucranianos, mas também dão a Putin a oportunidade de continuar a guerra”, acrescentou.
A China e o Brasil têm buscado persuadir outras nações em desenvolvimento a apoiar o plano de paz de seis pontos que apresentaram em maio. Essa proposta sugere uma conferência internacional de paz “realizada em um momento oportuno, com reconhecimento tanto da Rússia quanto da Ucrânia, garantindo participação equitativa de todas as partes envolvidas e uma discussão justa sobre todos os planos de paz”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiou o plano em seu discurso na Assembleia Geral da ONU na terça-feira.
“Quando a parceria sino-brasileira tenta se tornar uma voz unificada – com alguém na Europa, outro na África – propondo uma alternativa a uma paz plena e justa, surge a questão: qual é o verdadeiro interesse?”, questionou Zelenskiy.
Em resposta à declaração de Zelenskiy em uma coletiva de imprensa, Lula disse que o líder ucraniano apenas expressou a realidade, mas observou que ele ainda não conseguiu alcançar a paz, que é fundamental para a sobrevivência da Ucrânia e da Rússia.
“Não precisam aceitar a proposta da China e do Brasil, pois não se trata de uma proposta, mas sim da ideia de que é essencial começar a dialogar”, comentou Lula.
“Se ele (Zelenskiy) fosse mais astuto, diria que a solução é diplomática, não militar. Isso requer disposição para sentar e conversar, ouvir a outra parte e buscar um acordo, para que o povo ucraniano possa viver em paz.”
Zelenskiy planeja apresentar um “plano de vitória” ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante sua visita à Casa Branca hoje (26).
fonte:agenciabrasil